Quatro dias após acidente que matou o mototaxista Alan Alves Ernesto, 42 anos, o caminhão de onde caiu uma placa que atingiu o motociclista segue na Avenida Paizinho Sabiá, em Juazeiro do Norte. O mototaxista foi atingido e morreu com o impacto da queda da placa no sábado (27).
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Sobre a situação do caminhão o Departamento Municipal de Trânsito (Demutran) disse a reportagem que no local não existe nenhuma placa de proibição. Não tem nada que regulamenta a proibição do estacionamento do veículo. Segundo o órgão, a situação deve ser verificada com a Autarquia Municipal de Meio Ambiente que controla e organiza o espaço público para verificar se ele possui licença para ficar com o equipamento na via pública.
A Secretaria de Meio Ambiente e Serviços Públicos (Semasp) afirmou que irá averiguar se o empreendimento tem licença para funcionar. “Em princípio acredita-se que há integral irregularidade, caso essa hipótese se confirme, o dono do equipamento deve ser autuado e a retirada do caminhão será realizada”, afirma a pasta.
Solicitação para retirada
De acordo com o advogado Wellington Ribeiro Araruna, que representa o proprietário do veículo, uma solicitação foi feita ao Demutran para que o órgão notificasse o dono para que ele pudesse retirá-lo do local, porém o Demutran não atendeu.
“Eu falei ontem [quarta-feira] por ligação com o subdiretor do Demutran e pedi para que notificasse o proprietário para retirar do local, mas eles não quiseram. Segundo o Demutran, por não haver placa proibindo o estacionamento no local, o veículo não se encontrava de forma irregular.”
Segundo Wellington Ribeiro, o proprietário do caminhão não cometeu nenhum crime e espera pelo arquivamento do inquérito policial. “O motorista se apresentou espontaneamente na delegacia. Acredito que não houve crime no caso, porque foi um fato sem previsibilidade. Nós estamos colaborando com a polícia judiciária, e esperamos o arquivamento do inquérito policial por ausência de crime”, explicou.
Ainda conforme o advogado, o proprietário diz estar abalado. “O proprietário é uma pessoa bastante simples e humilde, tem o parque como única fonte de renda. E vem passando por dificuldades por conta do Covid e agora esse acidente”, disse.
‘Pedi para ele não fechar os olhos’
O corretor de imóveis José Luiz de Sousa tentou manter vivo com primeiros-socorros o mototaxista Alan Alves Ernesto.
“O motaxista me disse que estava sem ar. Eu disse para ele que ia ficar tudo bem e pedi para ele não dormir. ‘Não fecha os olhos, amigo, por favor!’ ‘Não durma, amigo! Não feche os olhos que vamos te ajudar'”, relatou José Luiz.
Uma câmera de segurança flagrou o momento em que a placa se solta e atinge o motociclista. O vídeo também registra o momento em que José Luiz desce do carro para ajudar Alan Alves. Após receber ajuda do corretor de imóveis, o motociclista foi atendido por uma equipe do Samu, que tentou reanimá-lo por cerca de 50 minutos. Ernesto foi encaminhado para um hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Ele deixou mulher e dois filhos.
José Luiz estava em um veículo quando a placa atingiu o mototaxista. Ele trafegava no sentido contrário ao do motociclista acidentado quando o viu caído no chão. Ao chegar próximo ao mototaxista, quando ele retirou o capacete, Alan Alves disse que estava sem ar.
“Quando eu passei pelo local, eu vi e percebi que era um acidente grave. Desci do carro e junto com meu amigo fomos prestar o socorro. Aí o motaxista me disse que estava sem ar”, diz o corretor de imóveis.
José Luiz de Sousa viu um grande hematoma no abdômen do mototaxista, mas ele não tinha nenhum corte e não apresentava sangramento.
“Ele não teve corte profundo. Tinha um risco na cabeça, mas não foi profundo. Porém, ao abrir sua camisa, percebi que seu abdômen estava muito elevado. Parece que ele quebrou algo e um hematoma forte e muito inchado. Possivelmente houve uma hemorragia interna”, disse.
Fonte: g1 CE