O ministro da Economia, Paulo Guedes, tentou minimizar, nesta quinta-feira, as declarações do presidente Jair Bolsonaro dirigidas à primeira-dama da França, Brigitte Macron.
Em palestra a cerca de 600 empresários, listou ações da equipe econômica feitas nos últimos meses e afirmou que, apesar dos avanços, a imprensa prefere noticiar atos polêmicos do presidente.
– O que vejo nos jornais é que ele xingou a (Michelle) Bachelet , que chamou a mulher do (presidente Emmanuel) Macron de feia .
– É feia mesmo, não é nenhuma mentira.
Sob risos da plateia, emendou :
– Não existe mulher feia. O que existe é mulher vista pelo ângulo ruim.
Na semana passada, os presidentes Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron trocaram farpas por causa das queimadas na Floresta Amazônica. Macron chegou a chamar Bolsonaro de mentiroso e sinalizou que os franceses poderão não assinar o acordo entre o Mercosul e a União Europeia.
Na rasteira das discussões, um seguidor publicou uma montagem de fotos dos casais Macron e Bolsonaro em um post no Facebook do presidente brasileiro, com a legenda: “Agora entende por que Macron persegue Bolsonaro?”.
O presidente brasileiro respondeu: “Não humilha cara. Kkkkkkk”. A postagem do seguidor foi acompanhada de uma montagem: de um lado, Emmanuel Macron e sua mulher Brigitte; e, do outro, o presidente brasileiro e sua mulher, Michelle, 27 anos mais jovem que o chefe de Estado do Brasil.
No dia seguinte, Bolsonaro disse que não endossou o comentário e alegou que falou para um seguidor seu não “falar besteira.” Ele destacou ainda que não se mete na “questão pessoal”.
No entanto, o presidente francês disse que o comentário sobre Brigitte foi “triste” para os brasileiros, uma “vergonha” para as mulheres brasileiras e “extremamente desrespeitoso”. Afirmou ainda que “respeita” os brasileiros e que espera que “eles tenham muito rapidamente um presidente que se comporte à altura” do cargo.
Na quarta-feira, o alvo dos ataques de Bolsonaro foi a alta comissária de Direitos Humanos da ONU, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, que criticou políticas do seu governo.
Novamente em um post do Facebook, o presidente brasileiro afirmou que Bachelet está “seguindo a linha” do presidente francês Emmanuel Macron ao se “intrometer nos assuntos internos e na soberania brasileira”.
Mas no Twitter, ele afirmou ainda que se não fosse o pessoal do [Augusto] Pinochet derrotar a esquerda em 1973, entre eles o seu pai (de Bachelet), hoje o Chile seria uma Cuba”. Para Bolsonaro, a alta comissária da ONU está “defendendo direitos humanos de vagabundos”.
As declarações foram repudiadas até mesmo pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, aliado de Bolsonaro. Ele disse não compartilhar de forma alguma’ com o comentário sobre Bachelet .
Fonte: O Globo