Quando a temperatura do corpo sobe, é sinal de que o sistema de defesa está a postos, protegendo-o de alguma infecção, inflamação ou lesão. Essa mudança é comandada pelo cérebro, por meio do hipotálamo, que tem função termorreguladora. A febre acontece quando a temperatura ultrapassa limites preestabelecidos.
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Embora os famosos 37°C estejam em uma faixa de temperatura considerada normal, ela pode variar durante o dia cerca de 0,5°C, e isso acontece como resultado de processos normais fisiológicos, como o ciclo de sono/vigília, mudanças e variações metabólicas e hormonais, e também de acordo com a atividade de cada pessoa em seu cotidiano. Em geral, tais alterações acontecem pela manhã —quando a temperatura é mais baixa— e no final da tarde, momento no qual ela sobe.
Na maioria das vezes, a febre tem causa conhecida como infecções virais ou bacterianas que serão facilmente identificadas pelo médico. Mas ela também pode decorrer de outras situações como tumores. Em crianças, ela ainda pode estar relacionada ao uso de determinados medicamentos, distúrbios autoimunes e até à vacinação. Para boa parte desses quadros, o uso de antitérmicos trará alívio ao mal-estar geral.
Quantos graus é febre?
O calor corporal apresenta diferenças a depender da idade de cada pessoa —em bebês sendo amamentados, ele é ainda mais elevado. Para estes, considera-se febre valores acima dos 38°C até o terceiro mês de vida. Já os idosos tendem a ter temperaturas mais baixas, e mesmo quanto têm infecções eles podem ter temperatura normal ou hipotermia.
De modo geral, os limites considerados normais podem variar de 36°C até 37,7°C, e há referências na literatura médica que referem 37,5ºC como o valor de corte. Entretanto, prevalece entre os médicos o consenso de que a febre é toda temperatura maior ou igual a 37,8°C.
É a partir desse sintoma que o profissional da saúde poderá quantificar a gravidade do estado infeccioso. Veja como podem ser os quadros febris:
• Leve – até 38,5°C
• Moderado – 38,5°C a 39,4°C
• Grave – 39,5°C pra cima
Em quais locais é possível medir a febre?
Axilas, testa, tímpano, reto e boca. Todas essas regiões do corpo permitem a medição do calor corporal.
Quanto mais centrais forem as áreas de medição —como a retal ou a membrana timpânica— maiores serão as temperaturas encontradas. No Brasil, tradicionalmente, se utiliza a medição na axila, e essa é a prática adotada pelos médicos, que garantem que ela é confiável.
Qual o melhor termômetro para medir febre?
Os dispositivos mais comuns são os de contato (eletrônico digital), e o remoto (temporal e timpânico —com sensor infravermelho). Em geral, eles são capazes de medir a temperatura em menos de 1 minuto.
O médico Erick Barreto Pordeus, clínico geral e professor da UFPE, diz que o mais prático deles para uso pessoal é o de contato digital. Acessível, ele pode ser usado em crianças, jovens, adultos e idosos, e faz uma aferição precisa.
Vale a pena investir no termômetro remoto?
Mais caro, ele tem tido o aval da literatura médica sobre a sua precisão e é, sim, outra boa opção para uso no dia a dia, além de ser confortável: basta apontá-lo para a testa, apertar o botão e esperar pelo sinal sonoro. Em tempos de pandemia, ele é ideal porque facilita a aferição da temperatura em grandes ambientes.
Caso você possua um termômetro de vidro com mercúrio, saiba que ele deixou de ser comercializado por haver risco de quebra e consequente dispersão desse elemento químico tóxico. Para evitar acidentes, descarte-o em uma embalagem plástica e deposite-o em locais para descarte de pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes.
Qual o jeito certo de medir a febre?
Veja o passo a passo para fazer uma boa medição:
1. Comece com o enxugar da axila.
2. Depois disso, acomode a parte mais fina do termômetro no meio da axila.
3. Mantenha o braço apertado até que toque o sinal sonoro. Se a medição está sendo feita em uma criança, contenha seus movimentos durante a aferição.
Uma dica dos especialistas é que, em dias quentes, você faça nova medição imediatamente após a retirada do termômetro.
Quando a febre preocupa?
É indicado submeter-se a uma avaliação médica diante dos seguintes sinais de alerta: febre persistente por mais de 72 horas, dor de cabeça, pescoço duro, manchas pelo corpo, pressão baixa, respiração acelerada ou falta de ar. O mesmo se aplica a pessoas que tenham o sistema imunológico comprometido ou para viajantes que estiveram em áreas endêmicas com malária ou outras infecções transmitidas por insetos.
Já entre os pequenos, essas manifestações são febres de 39°C que se repetem (a cada 6 horas), especialmente quando acompanhadas de manchas na pele, ou que duram mais de dois ou três dias sem que hajam outros sintomas, e/ou muita sonolência, além da constatação de que o pequeno, mesmo após ser medicado com antitérmico, não volta ao normal. A orientação é do pediatra Ivan Savioli Ferraz, docente do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP-USP.
Nessa consulta, o médico vai ouvir sua queixa, levantar seu histórico de saúde e fará o exame físico. Caso não consiga identificar a origem do problema, ele poderá solicitar exames complementares. Para aliviar seu mal-estar, ele indicará o uso de antitérmico.
Fontes consultadas: Erick Barreto Pordeus, médico clínico geral, professor substituto da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), preceptor da enfermaria de Clínica Médica do Hospital das Clínicas da mesma instituição; Homero Luis de Aquino Palma, médico da família e professor da Escola de Medicina da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná); Ivan Savioli Ferraz, médico pediatra e docente do Departamento de Puericultura e Pediatria da FMRP-USP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo); Paulo Camiz, médico clínico geral e geriatra do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Revisão técnica: Erick Barreto Pordeus.
Referências: Murahovschi J. A criança com febre no consultório. Jornal de Pediatria. Vol.79, Supl.1, 2003. Acessado em 11/10/2021. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0021-75572003000700007; Teran CG, Torrez-Llanos J, Teran-Miranda TE, Balderrama C, Shah NS, Villarroel P. Clinical accuracy of a non-contact infrared skin thermometer in paediatric practice. Child Care Health Dev. 2012 Jul;38(4):471-6. doi: 10.1111/j.1365-2214.2011.01264.x. Epub 2011 Jun 8. PMID: 21651612; Pecoraro V, Petri D, Costantino G, Squizzato A, Moja L, Virgili G, Lucenteforte E. The diagnostic accuracy of digital, infrared and mercury-in-glass thermometers in measuring body temperature: a systematic review and network meta-analysis. Intern Emerg Med. 2021 Jun;16(4):1071-1083. doi: 10.1007/s11739-020-02556-0. Epub 2020 Nov 25. PMID: 33237494; PMCID: PMC7686821.
Fonte: VivaBem/UOL