Pelo segundo dia, motoristas de topique que fazem transporte de passageiros na divisa do Pernambuco com Ceará bloquearam a rodovia PE-585, em protesto contra fiscalização da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que proíbe o serviço de transporte interestadual remunerado feito com vans.
Os topiqueiros fecharam a via queimando pneus e só liberaram a passagem para ambulância e outros veículos transportando pacientes. Ônibus de empresas em geral estão sendo impedidos de passar pela rodovia.
“Eles podem fazer turismo, que não é o caso que eles tão fazendo aqui. Tão fazendo linha, que não é autorizada pela ANTT, tem que ser ônibus autorizado ou licitado pela ANTT pra fazer esse trajeto”, diz o Agente de Fiscalização do órgão, Márcio Carvalho.
Ele afirma, ainda, que a Agência foi oficiada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) para intensificar as fiscalizações desse tipo de transporte. “Devido a quantidade baixa de fiscais, demoramos a fazer rotina aqui. Inclusive, dos veículos apreendidos ontem, dois já são reincidentes nesse tipo de transporte”, completa.
Comércio e universidades afetados
O motorista José Ildo Saraiva lamenta a medida. “Pra gente tá sendo muito difícil. Tá sendo prejudicada a classe que necessita de transporte, vários pais de família e as empresas também. É uma situação que só perde. A gente queria que tivesse um bom senso de lá”, comenta.
Já o topiqueiro Edson Leite chama atenção para o prejuízo no comércio e nas universidades do Cariri, já que muitas pessoas fazem o percurso diariamente para trabalhar e estudar. “A gente leva muita gente por mercado de Juazeiro, pro comércio e pras faculdades”, frisa.
Francisco Bezerra de Souza espera uma alternativa para que ele e outros motoristas possam ficar regularizados e continuar realizando o serviço.
“Ninguém tá querendo trabalhar irregular. A gente quer trabalhar regularizado, com direito da gente ir e vir, livre, e atender nosso usuário. O usuário em geral tá sofrendo. Vai ter aumento de custo de passagem, nos locais onde têm as empresas que operam o transporte o pessoal sofre, não tem concorrência e é cobrado o preço que eles querem”, comenta o motorista.
A ANTT reforça que a fiscalização será contínua, e recomenda que os profissionais procurem se regularizar.
“Nesse tipo de transporte, o mais preocupante é a falta de segurança dos passageiros. A gente pegou veículo com pneu careca, extintor vencido, motorista sem curso, porque o motorista é obrigado a ter curso pra transporte coletivo de passageiro, além da falta de autorização”, acrescenta o agente de fiscalização da ANTT, Márcio Carvalho.
Fonte: Diário do Nordeste