O processo de imunização contra o novo coronavírus segue avançando no Estado. Das 184 cidades cearenses, 23 já vacinaram 100% de toda a população apta com a primeira dose (D1) ou dose única (DU). Essa população vacinável é composta pelo público com 12 anos ou mais.
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Além disso, outras 14 já ultrapassaram a marca dos 99% e seis municípios já imunizaram mais de 98% da população com a D1 ou DU. Os dados foram extraídos, na manhã desta quarta-feira (10), do Vacinômetro, portal oficial da Secretaria da Saúde (Sesa) do Estado.
Dar celeridade à vacinação é considerada, por especialistas, o principal trunfo contra a pandemia da Covid-19.
Eles, no entanto, alertam para a necessidade de completar o esquema vacinal, seja com as duas doses ou dose única. Recomendam ainda a manutenção dos cuidados não farmacológicos contra a doença, como o uso de máscara e distanciamento.
“A vacinação apresenta grande índice de proteção, mas mesmo para pessoas vacinadas, a transmissão ainda é possível. Por isso, tão importante quanto completar o esquema [vacina], é seguir se protegendo. Ainda não temos 75% da população totalmente vacinada, portanto os cuidados devem seguir”, alerta o infectologista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco.
O alerta do infectologista Castelo Branco é reforçado pelo titular da Sesa, Marcus Gadelha. Ele reconhece o avanço da vacinação, mas adverte que ainda “existe o risco da ocorrência da terceira onda”.
“A probabilidade da ocorrência da terceira onda vai diminuir bastante se a gente tiver o maior número de pessoas vacinadas, um maior número de pessoas vacinadas com esquema vacinal completo e se a gente fizer isso de uma forma mais rápida possível”, observou Gadelha.
“Tem de existir o cuidado, principalmente diante dessas festas de fim de ano. Se houver descuido, um novo pico pode surgir no início do ano. Usar máscara, higienizar bem as mãos e com frequência e não aglomerar. São recomendações ainda válidas”, sugere o infectologista.
Impacto positivo
A presidente do Conselho das Secretárias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems), Sayonara Moura Cidade, destaca que a imunização avançada reflete no município de forma extremamente positiva.
“Quando temos mais pessoas imunizadas, consequentemente ocorre a redução de casos positivos, o que traz alívio para os serviços de saúde, que não têm mais de lidar com alta demanda por atendimentos, internações e assistência às pessoas vítimas de sequelas pós-covid, que se tornaram outro grande desafio aos profissionais da saúde”, detalhou.
Sayonara acrescenta que, para além das cidades com o processo de imunização avançado, os municípios circunvizinhos, ainda que não estejam com porcentagem tão adiantada, acabam se beneficiando indiretamente.
“É uma situação que se dá em cadeia. O maior percentual de vacinação de um município não interfere diretamente em outro, mas influencia dentro daquele território compartilhado, uma vez que a imunização aumenta e o contágio diminui, o fluxo gradativamente vai se tornando mais seguro”.
100% da D1
Quando observados apenas os municípios que já imunizaram toda a população com a primeira dose (D1), sem incluir na soma percentual a DU, três municípios surgem na lista: Guaramiranga (133,17%), São Gonçalo do Amarante (105,23%) Pindoretama (104,09%).
Guaramiranga foi, inclusive, a primeira cidade do Ceará a imunizar toda sua população adulta com a primeira dose. Isso aconteceu em junho deste ano e, desde então, o município passou a ser monitorado pela Sesa. O objetivo da Pasta é avaliar a efetividade da imunização. A cidade registrou cinco mortes por decorrência da Covid-19, todas antes da vacinação iniciar. O último óbito aconteceu em 17 de maio.
Imunização completa
Para o efetivo combate à pandemia da Covid-19, especialistas reforçam a importância das duas doses e, em alguns casos, da dose de reforço. Sayonara Moura ilustra que a primeira dose estimula o sistema imunológico do indivíduo, “mas para que a proteção seja efetivada, é preciso a segunda dose”.
“Agora já sabemos também que, com a Covid, os estudos apontam que em alguns casos, como nas pessoas imunossuprimidas e idosos, por exemplo, é necessária a dose de reforço após seis meses, e já temos o avanço na dose de reforço em outros grupos”, completa a presidente do Cosems.
Alcançar índices maiores quando se observa a imunização completa é questão de tempo, avalia Sayonara. Ela reconhece que o início do processo de vacinação o Estado enfrentou alguns “percalços”, sem especificar quais, mas classificou o processo como um todo de forma positiva.
“Tudo é muito novo e desafiador. A própria descoberta da vacina é muito recente. O trabalho feito pelos profissionais na ponta têm sido heróico e sabemos que há muito ainda a ser feito, mas acreditamos no SUS e através dele que continuaremos a levar a nossa população uma assistência de qualidade”, concluiu.
Efeitos da vacinação
Dentre as cidades que já vacinaram 100% da população com D1 ou dose única, o número de óbitos teve substancial queda. O município de Graça, na região Norte do Estado, é o que está há menos tempo sem registro de mortes por decorrência da Covid-19.
O último caso, segundo dados do IntegraSus, aconteceu em 3 de abril. Para o infectologista, não se pode afirmar que esta janela sem óbitos se deva exclusivamente à vacinação, mas ele reconhece que o imunobiológico tem grande interferência para queda nas mortes.
“É um conjunto de fatores que levam à queda dos óbitos. Vacinação, mais conhecimento para lidar com a doença, hospitais mais desafogados, enfim, é conjunto. Mas, desses, a vacinação é a mais importante”, finaliza.
Por André Costa
Fonte: Diário do Nordeste