O intestino é responsável por produzir 90% dos nosso hormônios neurotransmissores, especialmente a serotonina – hormônio responsável pela sensação de bem-estar, alegria e prazer. Este dado torna a alimentação um fator crucial para o tratamento e cura da depressão, ansiedade e transtorno do pânico. A nutricionista e especialista em nutrição comportamental Luanna Caramalac Munaro, conversou conosco e explicou o quanto uma alimentação rica em “comida de verdade” pode ser um pilar essencial no tratamento das doenças mentais.
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É indiscutível a importância do psicólogo e, em alguns casos, do psiquiatra para um quadro de depressão. Além da terapia, remédios podem ser necessários para melhorar a alquimia do cérebro, tornando a depressão um fardo menos pesado no dia a dia de muitas pessoas. Mas, a alimentação é imprescindível para que o quadro possa ser revertido: “É possível dizer que a depressão tem cura. Mas, para chegar até lá, é preciso que o paciente trate a causa da doença de forma multifatorial, com a orientação de vários profissionais que irão atuar em conjunto, em várias áreas da vida do paciente”, afirma a Dra. Luanna.
De fato, a depressão é uma doença que provém de muitos fatores, tornando-se a consequência de vários maus hábitos e experiências negativas, no âmbito físico e mental. No Brasil, foram ao menos 16 milhões de pessoas diagnosticadas com a doença em 2020. Além disso, o Brasil é o segundo país do mundo onde as pessoas se sentem mais incapacitadas de trabalhar por conta da doença, de acordo com dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) e do IBGE.
Os nutrientes são aliados contra a depressão
De forma geral, os hábitos alimentares estão piorando consideravelmente devido à pressa e a “falta de tempo” de parar para planejar as refeições. É exatamente por esta “falta de tempo” que muitos brasileiros acabam optando por comer comidas industrializadas. No entanto, as comidas alteradas quimicamente não oferecem o que parece ser o principal remédio para o tratamento da depressão: os nutrientes.
De acordo com a nutricionista Luanna Caramalac, uma alimentação ruim agrava, definitivamente, o quadro de depressão, ansiedade e pânico. “Ao ingerir comidas industrializadas, você está colocando para dentro o que chamamos de antinutrientes, ou seja, alimentos que não contém nenhum tipo de vitaminas ou minerais”, conta a especialista.
Isto ocorre porque os nutrientes são um dos principais responsáveis pela qualidade da saúde mental. É através da microbiota intestinal que os nutrientes são absorvidos após as refeições, no qual serão transformados em hormônios neurotransmissores. “O intestino é o principal responsável pela produção do hormônio do bem-estar e da felicidade, a serotonina. É através da microbiota intestinal que são criados 90% do hormônio, o qual atua diretamente no nosso cérebro”, explica Luanna. Este dado torna a alimentação um dos fatores mais importantes a qual devemos nos atentar para garantir a saúde mental.
Mas, segundo a especialista, ir ao banheiro todos os dias não significa ter um intestino saudável. O que torna o órgão saudável é a quantidade de absorção de nutrientes que ele faz diariamente, algo que depende unicamente das nossas escolhas alimentícias.
Alimentação como aliada no tratamento das doenças mentais
“Eu costumo dizer que a gente não é o que a gente come, a gente é o que absorve”, revela a nutricionista. Sendo assim, a dieta mais recomendada deve ser rica em vegetais verdes escuros, como rúcula e brócolis. Além disso, o chocolate também está liberado! Mas, ele deve ser o amargo e pobre em açúcar. “O nutriente triptofano é o precursor da serotonina, melhorando o sono, humor e apetite. E este elemento é encontrado nos vegetais escuros, como rúcula, brócolis e também na banana e no chocolate amargo”, aconselha Luanna. Veja aqui como incluir mais folhas verdes no seu dia a dia.
O lema para ter uma saúde mental equilibrada e estável é: descascar mais comidas e desembalar menos. O ideal é usufruir o máximo de alimentos orgânicos e tornar exceção o consumo dos famosos alimentos congelados.
Para o tratamento de outras doenças mentais, como o transtorno de ansiedade e do pânico, também é recomendado uma dieta orgânica. Para tratar os sintomas da ansiedade, nutrientes como o magnésio e o triptofano precisam ser os protagonistas das refeições. Banana, cacau, salmão, aveia, castanhas e vegetais são os tipos de alimentos onde você irá encontrar maior quantidade deles. Nos vegetais, de acordo com a nutricionista Luanna Caramalac, são onde tem a maior concentração dos chamados micronutrientes, essenciais para a saúde mental.
Por outro lado, ao consumir alimentos que agravam os processos inflamatórios do organismo, os sintomas de ansiedade e depressão podem aumentar. “Alimentos inflamatórios como açúcar, trigo, derivados do leite e qualquer alimento industrializado pioram o quadro da doença”, explica Luanna Caramalac. Além disso, o álcool e o refrigerante também são vilões para a melhora da depressão. O álcool inibe neurotransmissores essenciais, como a serotonina, dificultando a sensação de alegria e agravando o sentimento de tristeza e angústia. O refrigerante, por sua vez, é completamente químico e contém calorias vazias, ou seja, não tem em sua composição nenhum tipo de nutriente e, por ter sido produzido quimicamente, pode agravar qualquer processo inflamatório presente no corpo.
Muitas pessoas almejam a cura da depressão e sofrem com as consequências da doença todos os dias. Mas, apesar dos diferentes graus da doença, o tratamento através da reeducação alimentar é simples e acessível, e pode ser a luz no fim do túnel que tantos buscam. Contudo é importante compreender que a depressão é complexa e precisa ser tratada de vários ângulos distintos. “As dicas que posso dar para pacientes com quadros de depressão é que se alimentem de comida de verdade, o mais limpa possível, sempre diversificando os legumes, proteínas e carboidratos ingeridos”, aconselha a Dra. Luanna. Apesar da má fama, os carboidratos são responsáveis pela energia e fazendo um uso moderado, eles não vão alterar as taxas de insulina.
A depressão tem cura
Entretanto, é necessário praticar atividades físicas, que liberam serotonina e dopamina, além de investir tempo na meditação, prática que traz muito mais benefícios do que o imaginado. “A meditação aumenta as conexões neurais, produzindo a neuroplasticidade, que é a capacidade do sistema nervoso de modificar sua estrutura, transformando sentimentos, experiências e traumas, ressignificando os fatos e memórias dentro do cérebro”, explica a especialista.
De acordo com a especialista, é importante investir tempo em um detox de alimentação, mas o detox de pessoas, relacionamentos e experiências tóxicas também precisa ser considerado. Unindo o tratamento médico e psicológico, a mudança nos padrões de comportamento, estilo de vida e na escolha das relações, a confiança na espiritualidade independente de religiões, a prática de atividades físicas e a reeducação alimentar, é possível vislumbrar a cura da depressão.
Fonte: Seleções