O Ceará está livre do vírus do sarampo. Sem registro de casos há 16 meses, o Estado suspendeu, nessa terça-feira (22), a indicação de vacinação antecipada de bebês de 6 meses, medida que havia sido adotada de forma emergencial para protegê-los do surto da doença.
A aplicação da chamada “dose zero (D0)” aos 6 meses de idade foi temporária, e teve a função de impedir a infecção em menores de 1 ano quando a doença voltou a circular no Ceará, como reforçou uma Nota de Alerta publicada pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
A indicação permanece, porém, caso os bebês tenham contato com pacientes suspeitos ou confirmados de sarampo, como alerta o documento.
Segundo a Sesa, 17 dos 21 estados que tiveram casos da doença em 2020 estão livres do vírus. Diante disso, a reportagem questionou a Pasta sobre os possíveis riscos de suspender a dose zero, mas não obteve resposta até esta publicação.
A vacina contra sarampo, caxumba e rubéola é a tríplice viral, aplicada, segundo o Programa Nacional de Imunização (PNI), em duas doses: D1 aos 12 meses e D2 aos 15 meses de vida.
Cobertura vacinal
A pediatra Vanuza Chagas alerta que as crianças são as mais suscetíveis a complicações e sequelas do sarampo e que, por isso, é indispensável manter o esquema vacinal completo e atualizado.
O sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil, e a volta se deu justamente pela queda da cobertura vacinal. Para mantermos essa tranquilidade, é importante que as pessoas procurem a vacina.
A médica reforça ainda que “adultos que tenham dúvida sobre a própria imunização procurem atualizar o cartão, para que não haja a volta de doenças que só contribuem para sobrecarregar o sistema e deixar sequelas à saúde”.
Casos de sarampo no Ceará
Em dezembro de 2013, teve início um dos mais graves surtos de sarampo registrados no Ceará. A epidemia durou até julho de 2015, com um balanço de 916 casos confirmados da doença entre os cearenses.
Dez semanas após zerar a confirmação de novas infecções, o Ministério da Saúde decretou o fim do surto no Estado em 24 de setembro de 2015.
O último boletim epidemiológico sobre a virose foi emitido pela Sesa em 8 de junho de 2020. Até a data, três casos de sarampo haviam sido confirmados no Ceará, todos oriundos de um mesmo surto no município de Cariré, a cerca de 270 km de Fortaleza.
Todos os infectados eram homens, tinham mais de 30 anos de idade e nenhum sabia se estava vacinado contra o sarampo.
Em 2019, o Ceará contabilizou 19 casos da doença, sendo 10 em Fortaleza e Região Metropolitana e os demais no interior. Do total, 13 eram crianças e seis adultos. Nove dos infectados não estavam vacinados ou não sabiam dessa informação.
Por Theyse Viana
Fonte: Diário do Nordeste