Três das cinco regiões de Saúde do Estado atingiram 100% da sua taxa de ocupação dos leitos de UTI dedicados exclusivamente a pacientes adultos com Covid-19. A lotação foi registrada no Cariri, Sertão Central e Litoral Leste/Jaguaribe, nesta terça-feira (8), segundo a plataforma IntegraSUS, da Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).
Apenas Sobral e Fortaleza não estão em sua capacidade máxima, mas superam a marca 85%.
No Cariri, onde a situação é mais delicada, há cinco hospitais com todos os seus leitos ocupados. Apenas no Hospital Maternidade Santo Antônio, em Barbalha, a capacidade máxima não foi atingida, com quatro das dez vagas disponíveis na UTI infantil. A região soma 128 leitos para adultos.
A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems/CE), Sayonara Cidade, que também é secretária de Saúde de Barbalha, diz estar preocupada, pois acredita que a região do Cariri atingiu o limite máximo de expansão.
“Ainda conseguimos mais cinco [leitos] no São Miguel e mais cinco no São Vicente. Mesmo assim, a fila é grande e fica oscilando entre 40 a 50 pacientes”, pontua.
Espera por leitos
Segundo o IntegraSUS, há 42 pacientes na região do Cariri aguardando uma vaga em um leito de UTI, enquanto 35 esperam por uma vaga de enfermaria. Juazeiro do Norte lidera o número de solicitações com 18 pedidos, seguido por Mauriti (7) e Barro (6).
Essa fila significa que essas pessoas estão em municípios que não tem o perfil para ficar com pacientes graves, que precisam ser entubados. Hoje, vi colegas dizendo que precisam comprar medicações de UTI para segurar os pacientes enquanto surgem essas vagas”
Sayonara Cidade, presidente do Cosems/CE e secretária de Saúde de Barbalha
Apesar do número elevado, Sayonara reforça que estes pacientes na fila recebem assistência, como ventilação, mas por não receberem o tratamento recomendado, acabam morrendo na espera por uma vaga de UTI.
“Por isso há uma quantidade de óbitos. A gente tem visto muito por conta dessa espera. O paciente fica muito tempo no leito e acaba que essa demora em sair as vagas agrava a sua situação”, explica a gestora.
Litoral Leste/Jaguaribe
Já na região Litoral Leste/Jaguaribe, na única unidade que dispõe de leitos de UTI covid, o Hospital São Raimundo, em Limoeiro do Norte, viu seus 20 leitos serem ocupados e atingir a capacidade máxima. Lá, há seis pacientes aguardando uma vaga de UTI e quatro de enfermaria. Aracati lidera com três solicitações, seguida por Russas e Limoeiro, com duas, cada.
Sertão Central
O cenário mais preocupante é o do Sertão Central, com a ocupação de 10 leitos do Hospital Maternidade São Francisco, em Canindé. No Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim, todos os 56 leitos de UTI Covid estão ocupados. Na Clínica Covid, são 18 das 19.
Nos dois hospitais de campanha ligados à unidade, são 66 dos 70 leitos ocupados, segundo informações do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), que gerencia a unidade.
No caso da fila por leitos, há dois pacientes aguardando por uma vaga de UTI e outros seis de enfermaria. Quixeramobim e Tauá fizeram o maior número de pedidos de transferência, com dois, cada um.
Cenário melhor em Sobral
A situação é preocupante, mas ainda mais favorável na região de Sobral, onde há uma unidade lotada. Porém, a taxa de ocupação de leitos de UTI adulto é de 94,58%, sendo que das 201 vagas, 192 estão preenchidas.
Já a fila de espera no Norte do Estado é a mais alta de todo o Ceará: 45 aguardam uma vaga de UTI. Outros 15, esperam por leito de enfermaria. As cidades de Sobral, Tianguá e Quiterianópolis lideram as solicitações de transferência com cinco pedidos.
Índice um pouco mais baixo
Na região de Fortaleza, o índice é um pouco mais baixo, chegando a 87,24% de ocupação de UTI adulto e 84,01% no geral. Somando-se todo o Estado, a média de ocupação dos leitos adulto é 90,59%. Já a fila de espera de pacientes de UTI, mesmo com número de habitantes maior, é inferior às regiões do Cariri e Sobral, somando 30 pessoas na espera. Já para a enfermaria, são 30 doentes.
Na avaliação de Sayonara, ao contrário do que acontece na Capital, o Interior ainda não tem uma estabilização nas internações, mas do número de casos. “A internação ainda está alta. Estamos perdendo vidas e, agora, estamos perdendo vidas jovens. Toda vida é importante, mas o que quero dizer é que estamos mudando o cenário epidemiológico. São muitos jovens internados e em estado grave”, alerta a presidente do Cosems.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste