Mesmo após uma breve melhora, o risco de transmissão da Covid-19 nos municípios cearenses voltou a piorar. Neste sábado (22), 182 das 184 cidades – o equivalente a 98,91% do total – estão classificadas no nível 4, de alerta ‘altíssimo’ para transmissão da doença.
Os dados são referentes às semanas epidemiológicas 18 e 19, que compreendem os dias 2 a 15 de maio, conforme a plataforma IntegraSUS, atualizada diariamente pela Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
Há menos de uma semana, no entanto, o total de cidades no risco máximo de alerta era de 172, ou seja, 10 a menos. O número foi o menor registrado em um mês, conforme o Diário do Nordeste publicou, na última segunda-feira (17).
Todo o Ceará em risco ‘alto’ ou ‘altíssimo’
Dentre todos os municípios cearenses, apenas Catarina e Pacatuba estão classificadas no nível 3, de risco ‘alto’ para transmissão do coronavírus. Portanto, nenhuma das cidades está no nível 1, de risco ‘baixo’; ou no nível 2, de risco ‘moderado’ de alerta para a doença.
Esses indicadores são medidos a partir de um cruzamento de dados tais como as taxas de ocupação de leitos, de letalidade do vírus e do percentual de testes de Covid-19 positivados em cada região.
Dia das Mães já pode refletir na piora
Infectologista e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mônica Façanha avalia que o Dia das Mães, comemorado no último dia 9 de maio, pode ter contribuído para a piora do cenário de transmissão no Ceará.
A ocasião, lembra a especialista, é propícia para que familiares se encontrem e se mantenham mais próximos, normalmente mais relaxados, sem tomar as precauções necessárias como o uso da máscara.
Ela atenta que o alerta está diretamente relacionado à transmissão do vírus. E o relaxamento das medidas mais restritivas, adotadas anteriormente em todo o Estado, tende a elevar o nível dessa transmissibilidade.
“Se há mais exposição, há mais transmissão. E, uma vez que a gente não tem vacina ainda [para todos], essa transmissão vai depender da quantidade de contato que as pessoas têm. Isso significa que, se a gente está há menos de um metro da pessoa, sem máscara ou nenhuma proteção de barreira, a tendência é a transmissão aumentar”.
De acordo com a infectologista, mesmo com uma possível retração no número de cidades em alerta máximo, ainda não é possível relaxar.
“A sensação de que está diminuindo [o risco de transmissão] não pode dar a falsa segurança que você pode baixar a guarda em termos de não se proteger. Relaxar o lockdown ou diminuir a transmissão em determinados lugares não é definitivo. A transmissão diminui quando a população toma os cuidados necessários de combate ao coronavírus”, explica.
Veja as classificações de risco
Novo Normal: Taxa de ocupação dos leitos menor que 70%; taxa de letalidade menor que 1%; percentual de positividade de testes para diagnóstico de Covid-19 menor que 25%;
Moderado: Taxa de ocupação dos leitos entre 70% e 80%; taxa de letalidade entre 1% e 2%; percentual de positividade de testes para diagnóstico de Covid-19 entre 25% e 49,9%;
Alto: Taxa de ocupação dos leitos entre 80,1% e 95%; taxa de letalidade entre 2% e 3%; percentual de positividade de testes para diagnóstico de Covid-19 entre 50% e 75%;
Altíssimo: Taxa de ocupação dos leitos maior que 95%; taxa de letalidade maior que 3%; percentual de positividade de testes para diagnóstico de Covid-19 maior que 75%.
Por Lígia Costa
Fonte: Diário do Nordeste