Atualmente, o Ceará tem 413 pacientes esperando por algum tipo de leito para continuar o tratamento contra a Covid-19. Eles estão espalhados em 110 das 184 cidades do Estado. Desse total, 57% esperam por uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), destinada a casos mais graves da doença.
Os dados são da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), e foram colhidos às 15h desta quinta-feira (6). Ao todo, são 235 pacientes à espera de UTIs e 178 de leitos de enfermaria.
Os pacientes infectados não se concentram em uma região específica, embora a maioria dos leitos seja solicitada na Região de Saúde de Fortaleza, por esta agregar a maior parte da população do Estado.
O fenômeno de pressão assistencial em todas as áreas do Ceará é característico da segunda onda, dentro do que a Sesa chama de “epidemias simultâneas”. Ou seja, casos, internações e óbitos cresceram simultaneamente na Capital e no Interior.
Das 110 cidades com necessidade de leitos, 78 têm pacientes aguardando UTIs, que são destinadas a casos mais graves da Covid. Fortaleza lidera a lista, com necessidade de 44 UTIs. Em seguida, vem Maranguape, com 10, e Canindé e Caucaia, com oito cada.
Solicitações têm redução
Ainda que a média das últimas duas semanas tenha sido de 100 solicitações de UTIs por dia, número pouco abaixo da média de 120 registrada em março e abril, a rede de saúde pública vem recebendo menos requisições do tipo.
Nos primeiros cinco dias de maio, segundo o IntegraSUS, houve redução de 15% nas solicitações comparadas às do mesmo período de abril. No mês passado, foram 565; neste, 476.
Especialistas apontam que, embora haja uma tendência atual de redução de diagnósticos de novos casos, a ocupação de UTIs e a ocorrência de óbitos devem demorar mais a cair. Isso porque mesmo pacientes mais jovens estão passando mais tempo hospitalizados, o que dificulta a rotatividade de leitos.
Na tarde desta quinta-feira, a ocupação geral de UTIs públicas e privadas no Ceará é de 88,9%. As UTIs adultas estão 91,65% pressionadas, bem como 64,91% das infantis. Já a ocupação de enfermarias Covid está próxima de 75%.
Novos riscos de infecção
Pela ocupação ainda alta desses equipamentos, epidemiologistas e médicos infectologistas demonstram apreensão sobre uma terceira onda de casos no Estado, sobretudo com a aproximação do Dia das Mães, neste domingo (9).
Segundo eles, o relaxamento com as medidas de prevenção após as flexibilizações de atividades já anunciadas pelo Governo do Estado, bem como o ritmo lento de vacinação contra a doença, trazem risco para novos surtos.
O mapa de alerta do IntegraSUS revela que, com base em dados entre 18 de abril e 1º de maio, 180 das 184 cidades ainda têm risco “altíssimo” para a transmissão do vírus. Barroquinha, Pacujá, Quixelô e Salitre estão um nível abaixo, no risco “alto”.
Por Nícolas Paulino
Fonte: Diário do Nordeste