Em contagem regressiva para deixar a Globo, o apresentador Fausto Silva assina na próxima semana contrato de cinco anos com a Band, valendo a partir de 2022. O jornalista e apresentador do Domingão do Faustão, que trabalha desde os 14 anos e completa 71 neste domingo (2), vai apresentar um programa semanal no início das noites de domingo ou um diário, encerrando o horário nobre.
Será o retorno de Faustão, provavelmente o maior salário da TV brasileira nas últimas décadas, à emissora que o projetou nacionalmente nos anos 1980, atraindo o interesse da Globo. Embora tenha estreado na TV Gazeta em 1984 e passado pela Record pré-Igreja Universal, foi na Band que Fausto Silva alcançou todo o país com o lendário Perdidos da Noite (1984-1988), programa que expunha bastidores e erros de produção, um marco para a época.
Quando deixou a Band, em 1988, Faustão comunicou os donos da emissora seis meses antes que estava indo embora. Agora, faz questão de dar o mesmo tratamento à Globo, onde terá trabalhado 33 anos ao final de 2021.
No final de janeiro deste ano, Fausto Silva decidiu não renovar contrato com a Globo. Ele não aceitou proposta da emissora de migrar para as noites de quintas-feiras, com uma projeção de faturamento menor. Dias antes, a Globo havia lhe informado que vai mudar sua programação dominical em 2022 (com o futebol a partir das 18h) e que o Domingão do Faustão não estaria mais nessa grade.
Na época, o apresentador disse a este site que iria passar uma boa temporada viajando ou se empregar em outra emissora. Um dos profissionais mais prestigiados pela publicidade brasileira, que atrai anunciantes para suas atrações, Fausto imediatamente entrou no radar de Johnny Saad, presidente da Band, de quem é amigo.
À reportagem, a Band confirmou e celebrou a contratação de Faustão para seu quadro: “A volta de Fausto Silva à Band em janeiro é um sonho antigo do Grupo, que sempre admirou seu caráter ético, seu talento e seu jeito de inovar e fabricar sucesso. Aqui na Band, sempre foi muito querido e durante os seus anos de Globo nunca perdeu a amizade de 40 anos com os irmãos João e Ricardo Saad. Na Band, quando saiu, só deixou muitos amigos e grandes lembranças”.
“Certamente deixa também na Globo com a história marcante e vitoriosa que por lá construiu em 33 anos. Sua volta à Band é motivo de enorme alegria entre todos e reforça a estratégia da Band que completa no ano que vem, seus 55 anos de TV e 85 anos da Rádio Bandeirantes.”
Despedida do Domingão
O último Domingão do Faustão irá ao ar em 26 de dezembro, com uma edição especial do Troféu Mario Lago, que homenageia quem se destaca nas artes populares. Alcione, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Zeca Pagodinho e Ivete Sangalo já estão confirmados, como informou em primeira mão nesta semana o colunista Flávio Ricco, do portal R7.
Em maio, como programação de despedida, a Globo estreia uma edição especial da Dança dos Famosos, com “todos os melhores da história”. Os primeiros nove participantes serão confirmados no programa de domingo –dois nomes (Paolla Oliveira e Christiane Torloni) já foram antecipados pelo próprio apresentador.
Fausto Silva e o Domingão estrearam na Globo em 1989, mas o apresentador já fazia sucesso com o senso de humor e irreverência no Perdidos na Noite, que passou por Gazeta e Record até chegar na Bandeirantes.
Além de bordões como “oloco meu” e “quem sabe faz ao vivo”, o comunicador trouxe parte da equipe que já trabalhava com ele por trás e na frente das câmeras. O músico Caçulinha e a diretora Lucimara Parisi ajudaram a criar uma identidade para a atração global, que também contava em seus primeiros anos com o câmera Renato Laranjeira –com uma fantasia diferente a cada edição.
Sob influência da aeróbica, que tomava conta dos centros esportivos do país, surgiu a Academia do Faustão, considerada a predecessora do atual balé. Em 1995, foi criado o quadro Melhores do Ano, que premia até hoje o elenco da Globo com categorias que vão da Dramaturgia ao Jornalismo.
Fausto se tornou um dos principais nomes da emissora ao frear a audiência do Programa Silvio Santos e se firmar como líder no horário. Em 1997, no entanto, o Domingão passou a rivalizar com o Domingo Legal de Gugu Liberato (1959-2019) –uma guerra que se estendeu até o início dos anos 2000.
Durante uma década, o programa foi gravado no Teatro Fênix, no bairro do Jardim Botânico, na zona sul do Rio de Janeiro, até ser definitivamente transferido com o término da construção do Projac (hoje Estúdios Globo), do outro lado da capital fluminense. A fórmula, no entanto, já estava consagrada graças a quadros como Arquivo Confidencial, Olimpíadas do Faustão e as Videocassetadas.
Faustão também ajudou a popularizar os karaokês com o Videokê, em que famosos soltavam a voz no palco, além de promover concursos como o Caminhão do Faustão e a escolha da “nova morena” do grupo É o Tchan –que consagrou Scheila Carvalho.
Em 2005, a Dança dos Famosos chegou ao palco do Domingão para estancar a fuga de telespectadores para o Pânico na TV (2003-2012). O quadro inspirado no britânico Strictly Come Dancing se tornou um fenômeno, com 17 edições de salão e mais três no gelo.
Entre os sucessos mais recentes estão o Ding Dong e o Show dos Famosos, que reúne famosos para homenagear grandes nomes da música. Os figurinos e caracterização, no entanto, chamam mais a atenção que a própria competição, gerando memes e piadas nas redes sociais.
Perdidos na Noite
Repórter esportivo de rádios como Jovem Pan e Globo nos anos 1970 e 1980, Fausto Silva estreou o Perdidos na Noite em 1984, na Gazeta, tendo como padrinho Goulart de Andrade (1933-2016). Depois, o programa passou pela Record antes de ingressar na Band, em 19 de abril de 1986.
Com estilo anárquico, cenário bagunçado, humoristas e variadas atrações musicais, o programa chamou a atenção do público e da crítica, catapultando a carreira de Faustão.
Em 2004, Datena propôs à direção da Band a volta do Perdidos na Noite. O primeiro piloto foi gravado em julho daquele ano. O apresentador, que já comandava o Brasil Urgente, queria manter o título e o formato.
“Eu quero me divertir”, disse o apresentador à Folha de S.Paulo de 9 de julho de 2004. O novo “Perdidos” seria mais uma tentativa de o jornalista de escapar dos programas policiais –ele esteve em atrações como No Vermelho, na Record, e Quem Fica em Pé e Agora é com Datena, na Band, entre outros.
No entanto, a ideia não deu certo. O piloto não agradou nem ao apresentador, nem à emissora. A Band ainda queria reeditar o programa, mas, para isso, teria que fazer novos testes, com outros artistas. Como se sabe, o projeto não saiu do papel depois disso.
Fonte: Notícias da TV