O governador do Ceará, Camilo Santana, disse nesta segunda-feira (12) que recorreu ao Supremo Tribunal Federal para que a Anvisa, órgão responsável por permitir ou não o uso de medicamentos e vacinas no Brasil, libere a aplicação da Spunitk V, imunizante contra a Covid-19 desenvolvido pela Rússia.
Em comentário nas redes sociais, Camilo justificou que o produto tem eficácia comprovada e é utilizado em dezenas de países. (Leia mais abaixo sobre a eficácia da vacina)
“Iremos a todas as instâncias possíveis para que as vacinas que adquirimos cheguem o mais rápido possível para imunizar nossa população”, disse o governador.
Anvisa cita falta de dados
Na semana passada, a Anvisa solicitou dos nove estados do Nordeste sobre a proposta de compra da vacina russa.
A Anvisa recebeu parte dos documentos que faltavam para o processo de pedido de importação para uso emergencial da Sputnik V no dia 31 de março, mas informou que ainda havia pendências.
Na análise da documentação, a Anvisa verificou que o Certificado de Registro emitido pelo Ministério da Saúde da Rússia não veio acompanhado de relatório técnico, que ateste os aspectos de qualidade, segurança e eficácia da vacina que subsidiaram a decisão da autoridade estrangeira.
Eficácia de até 100%
Conforme estudo divulgado em fevereiro pela revista científica “The Lancet”, uma das mais respeitadas do mundo, a eficácia contra casos moderados e graves da doença foi de 100%. A eficácia é de 91,6% contra a doença.
Isso significa que a pessoa que recebe a Sputinik V tem menos de 9% de contrair a doença se for exposta ao vírus, mas não vai desenvolver a forma moderada ou grave da doença, apenas um nível leve da Covid-19.
A vacina também funcionou em idosos: uma subanálise de 2 mil adultos com mais de 60 anos mostrou eficácia de 91,8% neste grupo. Ela também foi bem tolerada nessa faixa etária.
Veja as características da Sputnik V, conforme a revista “The Lancet”:
• A análise preliminar dos dados de fase 3 dos testes sugeriu uma eficácia de 91,6% para a vacina. Uma eficácia de 91,6% significa que a vacina conseguiu reduzir em 91,6% os casos de Covid-19 no grupo vacinado em relação ao grupo não vacinado.
• A vacina é aplicada em duas doses. A segunda dose foi dada 21 dias após a primeira.
• A análise foi feita com resultados de 19.866 participantes. Desses, 14.964 tomaram a vacina e 4.902, um placebo (substância inativa). Houve 16 casos de Covid entre os vacinados (0,1%) e 62 entre os não vacinados (1,3%).
• A vacina também funcionou em idosos: uma subanálise de 2.144 adultos com mais de 60 anos mostrou eficácia de 91,8% nesse grupo. A vacina foi bem tolerada nessa faixa etária.
• Aos 21 dias após a primeira dose, não houve casos moderados ou graves no grupo da vacina e 20 casos no grupo do placebo. Isso foi o equivalente, segundo os cientistas, a uma eficácia de 100% contra Covid moderada ou grave.
• Embora o estudo não tenha sido desenhado para avaliar a eficácia de um regime de dose única, os resultados sugerem o início de um efeito parcialmente protetor entre 16 e 18 dias após a primeira dose. Do dia 15 ao dia 21 depois da primeira dose, a eficácia contra a Covid moderada ou grave foi de 73,6%, mas mais pesquisas são necessárias para tirar conclusões robustas dessas observações, segundo os cientistas. A equipe de pesquisa recebeu, recentemente, a aprovação para investigar a eficácia de um regime de dose única da vacina.
• Nenhum efeito colateral sério foi associado à vacinação, e a maioria dos eventos adversos relatados foram leves – incluindo sintomas semelhantes aos da gripe, dor no local da injeção e fraqueza ou baixa energia.
• O ensaio está em andamento e tem o objetivo de incluir um total de 40 mil participantes. O monitoramento de segurança e eficácia continua.
Fonte: G1 CE