O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu baixar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 6,5% para 6% ao ano. Com isso, a Selic atinge uma nova mínima histórica (o Copom foi criado em 1996) e a poupança continua rendendo menos (leia mais abaixo). A decisão foi unânime.
Esse foi o primeiro corte após dez reuniões de manutenção da Selic. Em seu comunicado, o comitê do BC indicou que pode fazer novos cortes nas próximas reuniões, ao afirmar que “a consolidação do cenário benigno para a inflação prospectiva deverá permitir ajuste adicional no grau de estímulo”.
Também nesta quarta, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) cortou a taxa de juros pela primeira vez em 11 anos, desde a crise financeira de 2008. O corte foi de 0,25 ponto percentual, levando as taxas à faixa de 2% a 2,25%.
Dez reuniões sem mudança
Em outubro de 2016, o BC deu início a uma sequência de 12 cortes na Selic. Neste período, a taxa de juros caiu de 14,25% ao ano para 6,5% ano.
Desde maio de 2018 até a última reunião, em junho, a taxa foi mantida no mesmo patamar. Foram dez encontros do Copom sem mudanças na Selic.
Juros ao consumidor são mais altos
A Selic é a taxa básica da economia e serve de referência para outras taxas de juros (financiamentos) e para remunerar investimentos corrigidos por ela. A Selic não representa exatamente os juros cobrados dos consumidores, que são muito mais altos.
Segundo os últimos dados divulgados pelo BC, a taxa de juros média do cheque especial subiu em junho para 322,2% ao ano. Os juros do rotativo do cartão de crédito ficaram em 300,1% ao ano, em média.
Poupança rende menos
Desde setembro de 2017, a poupança passou a render menos devido a uma regra criada em 2012. Quando a Selic está acima de 8,5% ao ano, a rentabilidade da poupança é de 6,17% ao ano (0,5% ao mês) mais TR (Taxa Referencial).
Porém, quando a Selic é igual ou menor que 8,5%, a poupança passa a render 70% da Selic mais TR.
Juros x inflação
Os juros são usados pelo BC como uma ferramenta para tentar controlar a inflação. De modo geral, quando a inflação está alta, o BC sobe os juros para reduzir o consumo e forçar os preços a cair. Quando a inflação está baixa, o BC derruba os juros para estimular o consumo.
A meta é manter a inflação em 4,25% este ano, mas há uma tolerância de 1,5 ponto para cima e para baixo, ou seja, pode variar entre 2,75% e 5,75%. Em junho, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 3,37%, dentro da meta do governo, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o mercado financeiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação oficial, deve fechar 2019 a 3,8%, de acordo com o último Boletim Focus, divulgado na segunda-feira.
Fonte: UOL