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Foi, num foi! – Por J. Flávio Vieira

Colunista escreve semanalmente no Revista Cariri

28 de março de 2021
Foi, num foi! – Por J. Flávio Vieira

(Foto: Freepik)

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Aquela embirra era congênita, vinha desde quando Menandro era pixototinho. Depois de velho é que aquela cisma não podia ter cura. Aguentou cipó de mufumbo no lombo, cocorote no meio do coco, castigo de ajoelhamento em caroço de milho, carão de todo tipo e altura e, simplesmente, não largou como nódoa de caju em camisa de linho. As histórias de teimosia de Menandro faziam já parte da história oficiosa da vila de Matozinho. Como burro brabo, quando botava a cabeça para um lado, não existia força nesse mundo que mudasse o curso. A teima inarredável do velho firmava-se num código próprio de conduta que foi desenvolvendo desde guri e por ele se pautava como se se tratasse de Mandamentos ou de uma Constituição pessoal, única e intransferível. Ainda meninote, entrou na cozinha de casa e a mãe o advertiu com o famoso: “Que que tá fazendo aqui? Cozinha não é lugar de menino!”. Menandro, simplesmente, respondeu: “Sei não, mãe! Mas foi a última vez!” Desde então, que se saiba , que atravessou os umbrais de uma cozinha, tornou-se-lhe um território proibido e minado.

E as histórias se sucediam em Matozinho, sobre essa birra que varava toda uma existência. Menandro casou com D. Gilbertina, conhecida por todos , carinhosamente, por Gigi. Diferentemente dos varões bíblicos matozenses, só teve um filho: Gildásio. Ninguém sabia a razão de tanta economia familiar. Acreditavam que se tratava de alguma doença da esposa, uma vez que rolavam conversas que o velho Memé tinha espalhado muitos rebentos, como um verdadeiro garanhão reprodutor, pelas redondezas de Matozinho. Um dia D. Gigi, finalmente, por baixo de sete capas, contou a uma confidente a razão da infertilidade ao menos a nível da casa matriz. Nas dores do parto de Gildásio, acompanhada por uma parteira, em casa, o marido entrou no quarto, rapidamente, para pegar uma espora que tinha jogado ao lado da cama. D. Gigi, ainda neófita, em meio às contrações, caiu na besteira de dizer uma frase perigosa: “Menandro, estou aqui sofrendo por sua causa!”. Ele , calmamente, a tranquilizou : “E foi, Gigi?! Pois nunca mais, te garanto, isso vai acontecer!”. A partir daí é possível imaginar o desenrolar da história, em tempos que a última forma de planejamento familiar se baseava nos ensinamentos que depois seriam preconizados pela Dra. Damares: abstinência. Gigi não podia ter conseguido um anticoncepcional mais efetivo.

Dizia-se que, um dia, tinha se atrasado para uma reunião na Câmara de Vereadores, onde, à época, era presidente. Atraso na vida de Menandro era uma verdadeira blasfêmia. O homem era pontual como um relógio suíço. Investigada, depois, a causa daquele retardo, os companheiros de Legislativo chegaram à conclusão que tinha sido mais uma teima de Menandro. Ao passar sobre a ponte do Rio Paranaporã, em tempo de inverno, indo para a sessão, um cururu cantava animado e coaxava o seu : “Foi! Foi! Foi! Ele , então, estacou o cavalo e passou uma hora, em cima da pinguela, teimando com o batráquio, gritando aos berros: “Foi não! Foi não! Foi não!”

Dias atrás, um amigo dele, o velho Vitor Ridimuin, caiu doente e botou pra morrer. Diziam que ele estava só arfando: já com o jegue na porta, selado, esperando a viagem. Vitor sempre fora muito próximo do vereador e Menandro, preocupado, partiu para uma visita. Chegando na casa do homem, encontrou aquela récua de gente, num pré-velório, fazendo vigília, só esperando o suspiro final de Ridimuin. Menandro pediu para entrar no quarto e despedir-se do velho companheiro de tantas lutas. A família, no entanto, preocupou-se. Sabiam que o amigo era muito positivo e não tinha papas na língua e que Vítor sempre fora muito impressionável e medroso e tinha mais receio da morte do que vampiro de alho. Tinham certeza que apesar da amizade que os unia, Menandro, mais positivo que Compte, ia abraça-lo, mas dizer a verdade: que estava na beira da morte e prestes a ensebar o capim. Os filhos de Vitor , cuidadosamente, contaram-lhe suas preocupações. Uma palavra errada, positividade demais podia matar Vítor antes do tempo. Menandro, no entanto, jurou, de pés juntos, que jamais faria isso. Gostava demais do camarada e mediria as palavras. Falaria só de coisas boas e construtivas, elevando o espírito e o astral do moribundo. Sabendo-o opinioso e firme, os parentes acederam. Menandro entrou no quarto onde alguns parentes sussurravam orações, outros choravam baixinho pelos cantos. Aproximou-se de um Vítor lívido e arfante que o reconheceu e esboçou um sorriso leve, quase um esgar. Menandro então afirmou que ele parecia muito melhor do que imaginara. Estava corado, aquilo diminuíra muito suas preocupações quanto a saúde dele e, finalmente, fechou menandricamente, o apoio psicológico que preparara:

— Compadre Vítor, veja como são as coisas! Me disseram que você tava morre-num-morre e não devia durar nem dois dias! Povo exagerado! Só tem gente assim nesse mundo! Pelas minhas bausas, você ainda leva uns três a quatro dia pra bater as botas… Nannn!

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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