A situação alarmante da Saúde no Estado com o avanço da pandemia de Covid-19 levou a uma corrida por oxigênio para salvar pessoas acometidas pela doença em estado mais grave. A principal fornecedora do insumo no Ceará, White Martins, afirma que houve “crescimento exponencial no consumo de oxigênio” por parte de clientes medicinais entre janeiro e março de 2021, registrando aumento de 300%.
Neste mês, o diretor de Logística do Ministério da Saúde, general Ridauto Fernandes, afirmou que o Ceará é um dos seis estados em situação preocupante de abastecimento de oxigênio hospitalar. Apesar disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) classificou o Estado como o segundo com maior estoque do insumo não envasado em cilindro. Os dados divulgados pela Anvisa dizem respeito ao período compreendido entre os dias 13 e 17 de março.
Diante desse cenário, a White Martins intensificou esforços para atender a todos os clientes mesmo diante do crescimento exponencial da demanda, incluindo adequações em unidades de saúde no Estado e ampliação da frota de distribuição de oxigênio líquido.
“O abastecimento de oxigênio não depende apenas da sua produção e da disponibilidade do produto. As condições de transporte entre as plantas produtoras e os locais de entrega, que muitas vezes não permitem o acesso de equipamentos de maior porte como carretas, agravam demasiadamente o atual estresse logístico dos recursos de distribuição disponíveis no País”, ressalta em nota.
“Muitas unidades de saúde têm apresentado um aumento de consumo de oxigênio que vai além da sua capacidade de estoque instalada e da sua própria infraestrutura hospitalar de redes e central reserva de cilindros”, complementa a empresa.
A companhia informa ter realizado 21 adequações de estocagem de oxigênio em clientes medicinais no Ceará nos últimos seis meses para atender o aumento exponencial do consumo na região. “Essa medida teve como objetivo ampliar a capacidade de armazenamento do produto nos tanques instalados, reduzindo a frequência da necessidade de abastecimento em unidades de saúde atendidas pela empresa no estado”.
Além disso, a White Martins acrescentou 87 equipamentos – incluindo isotanques, carretas criogênicas, caminhões e tanques criogênicos móveis – à frota de distribuição de oxigênio líquido desde dezembro. As operações foram reforçadas com mais 45 motoristas que, antes de assumirem suas funções, precisam passar por capacitações específicas que podem levar até quatro meses.
A companhia também está importando em caráter emergencial 13 carretas do Canadá com previsão de chegada até abril deste ano para reforçar o aparato logístico.
Compromissos de entrega
Em reunião realizada com o Ministério Público e outras autoridades governamentais, no último dia 23, a companhia se comprometeu a disponibilizar 200 mil metros cúbicos (m³) de oxigênio líquido ao governo estadual pelos próximos 15 dias, incluindo 84 mil m³ que já foram retirados até o dia 22.
O governo estadual irá distribuir oxigênio medicinal aos municípios, tendo indicado a empresa Silton para retirar o produto na planta da White Martins, com um limite diário de 10 mil m³ de oxigênio líquido. A produção é realizada na unidade do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana de Fortaleza, que tem capacidade para produzir, diariamente, 150 mil m³ de oxigênio líquido.
De acordo com a companhia, a planta produtora atende a demanda local e também fornece gases medicinais e industriais a outros estados das regiões Norte e Nordeste. “Diante do cenário atual, esta unidade, assim como todas as demais plantas da White Martins no Brasil, está trabalhando 24 horas por dia, inclusive nos fins de semana, para disponibilizar a maior quantidade possível de oxigênio”.
Imbróglio político
Alvo de queixas por parte de políticos cearenses que denunciam o desabastecimento de oxigênio medicinal em alguns municípios, a White Martins afirmou em nota que, “mesmo não sendo a empresa responsável pelo fornecimento e distribuição do produto a esses municípios, tem participado de todas as reuniões capitaneadas pelo Governo do Estado, pelo Ministério Público e pela Associação das Prefeituras do Ceará (Aprece) de forma transparente com o objetivo de atender às solicitações das autoridades e ao mesmo tempo cumprir integralmente os contratos vigentes com os seus clientes medicinais públicos e privados na região, incluindo todas as unidades da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará”.
As críticas motivaram um pedido de criação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), na Assembleia Legislativa do Ceará.
Por Cinthia Freitas
Fonte: Diário do Nordeste