A região de Saúde do Cariri, que atende 45 municípios do Centro-Sul e Sul do Estado, completou 24 dias com a taxa de ocupação de seus leitos de UTI adulto, dedicados à pacientes graves com covid-19, acima de 90%. Hoje (26), segundo dados da plataforma IntegraSUS, quatro unidades de saúde estão com todas suas vagas ocupadas. Outros três atingiram 90% de sua capacidade.
Na última atualização, a taxa de ocupação dos leitos de UTI covid-19 no geral, incluindo adulto, neonatal, gestante e infantil, chega a 90,54%. Se destacar apenas os leitos adulto, que atendem a maioria dos pacientes que têm sua condição agravada, este número salta para 95,59%. A situação dos leitos clínicos é um pouco mais confortável, aparecendo com 61,56% de sua capacidade no total e 68,06% adulto.
Maior unidade e referência para a região, o Hospital Regional do Cariri (HRC) atingiu sua capacidade máxima há seis dias, seja nos leitos de UTI que soma, ao todo, 54, ou nas vagas de enfermaria, onde possui 25.
Além dele, outros três hospitais viram suas vagas de UTI se esgotarem: Hospital Maternidade São Vicente de Paulo, em Barbalha, Hospital Regional Prefeito Walfrido Monteiro Sobrinho, em Icó, e o Instituto Madre Teresa de Apoio À Vida (IMTAVI), em Brejo Santo. Cada um possui dez leitos. Já o Hospital Maternidade São Francisco de Assis, em Crato, e o Hospital Maternidade Agenor Araújo e Hospital São Vicente, ambos em Iguatu, chegaram a 90%. Nos três, o número de leitos é o mesmo.
Diante deste cenário, o secretário de Saúde de Iguatu, Fernando Fernandes, não esconde sua preocupação: “Estamos com nossas UTI’s praticamente beirando a capacidade máxima. No momento, ainda tem acesso aos leitos e não temos ninguém em fila, neste momento. Mas, claro, tudo pode mudar de uma hora para outra”, ressalta.
Outra unidade com disponibilidade de leitos para pacientes graves, o Hospital Regional de Iguatu está com 80% de sua capacidade. Lá, também são disponibilizadas dez vagas. Apesar no número alto — iniciou o dia com 90% de ocupação —, a diretora do equipamento reforça que ainda está conseguindo atender. “Nenhum paciente precisou ser remanejado, mesmo com número alto em clínicos e UTI. Porém, está todo mundo exausto. Equipamentos não falta, mas como todo o Estado, temos número escasso de medicação para intubação”, alerta.
Ampliação de leitos
A secretária de Saúde de Crato, Marina Feitosa, admite que o cenário é difícil. “Todos os gestores cearenses, em especial os gestores do Cariri, têm sofrido com esse cenário tão difícil, e lutado arduamente para a saúde e acesso da sua população”, ressalta. Lá, há dez leitos de UTI covid, mas a expectativa é de dobrar esse número em abril, antecipa a gestora.
Na estrutura hospitalar, o Crato tem possibilitado a manutenção e assistência dos pacientes que aguardam os leitos de UTI através de sua Unidade Covid. Lá, foram cedidos dois ventiladores mecânicos, doados para a estabilização dos pacientes sintomáticos respiratórios. “Ainda temos muita procura de atendimentos clínicos e ocupação de leitos de sintomáticos respiratórios”, reforça Marina.
Procurada sobre a ampliação de leitos de UTI na região de Saúde do Cariri, a Sesa informou que já disponibiliza 716 vagas, entre enfermaria e UTI, para atendimento da covid-19 e antecipou que está montando um hospital de campanha na área externa do Hospital Regional do Cariri. No entanto, não informou o prazo para as habilitações e quantas vagas serão abertas.
Lockdown
O lockdown foi decretado no último dia 5 de março em Fortaleza. Após a escalada de casos da doença e internações, que pressionam os sistemas de saúde, a medida foi ampliada e passou a valer em todo o Estado desde o último dia 13 até 21 de março. Depois, foi prorrogada até o dia 28. Com as renovações dos decretos, a Capital se aproximará de um mês obre medidas mais duras de isolamento social.
Após 15 dias de isolamento social mais rígido em todo o Ceará, o secretário de Saúde de Iguatu, Fernando Fernandes, acredita que os impactos positivos só poderão ser sentidos nas próximas semanas. “Por enquanto, estamos trabalhando a fiscalização, conscientização, utilizando os meios de comunicação para sensibilizar. Mas a gente espera a redução na procura de leitos e da transmissão”, observa.
A gestora da Saúde em Crato, Marina Feitosa, ressalta que é importante uma maior adesão da população ao ‘lockdown’ para diminuição da circulação do vírus. Tanto no seu município como em Iguatu, lojas foram flagradas abertas e vendedores ambulantes trabalhavam normalmente. “Paralelo a isso, precisamos da intensificação no processo de vacinação para melhoria da cobertura e diminuição das formas graves da doença”, completa.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste