O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a criticar a imprensa nesta quarta-feira (3). Mesmo com a alta no número de mortes por Covid-19, ele afirmou que a “imprensa criou o pânico” sobre a doença. Ele afirmou ainda que fará um pronunciamento em cadeia de rádio e TV sobre a pandemia de coronavírus e as vacinas.
“O assunto, quando tiver, vai ser pandemia, vacinas”, disse ele em conversa com apoiadores no jardim do Palácio da Alvorada na manhã de hoje. “O Brasil é um país que, em valores absolutos, mais está vacinando. Temos 22 milhões [de vacinas]. Mês que vem deve ser mais 40 milhões. O país está mais avançado nisso. Assinei no ano passado a MP (Medida Provisória) destinando mais de R$ 20 bilhões para comprar vacina. Estamos fazendo o dever de casa.”
Ele criticou a imprensa. “Para a mídia, o vírus sou eu”, disse o presidente. Ele afirmou que não assiste ao maior telejornal do país, o Jornal Nacional, da TV Globo.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil está entre os seis que mais vacinam a população contra a Covid-19.
O @minsaude está comprometido em garantir o seu direito de se imunizar contra a #Covid19. O Brasil já está entre os 6 países que mais vacinaram no mundo. Mas lembre-se de continuar mantendo os cuidados de sempre. Saiba mais em https://t.co/Ct4v67X31I pic.twitter.com/yFkALMSVee
— Ministério da Saúde (@minsaude) March 3, 2021
“Se você ler a imprensa, você não consegue viver”, reclamou o presidente. Cancelei, desde o ano passado [na verdade, 2019] todas as assinaturas de jornais e revistas. Ministros que quiser ler jornal e revista vai ter que comprar. Não leio mais. Não vejo Jornal Nacional, não assisto, que é a maneira que você tem de realmente pensar em coisa séria no país.”
Numa tentativa de boicotar o jornal Folha de S.Paulo, em outubro de 2019, o presidente anunciou que mandou suspender a assinatura do periódico. Uma iniciativa focada num único veículo poderia ser considerada ilegal e contrária à Constituição, de acordo com especialistas à época.
Em dezembro de 2019, o governo deixou de renovar as assinaturas de jornais e revistas impressos.
Imprensa cria pânico, diz presidente
Na avaliação do presidente, os veículos de imprensa “criaram o pânico” na pandemia de coronavírus. “Criaram o pânico, né? O problema tá aí, lamentamos, mas você não pode viver em pânico. Que nem a política, de novo, do ‘fica em casa’. O pessoal vai morrer de fome, de depressão.”
A situação brasileira, porém, é grave e diverge da do resto do mundo. Em novembro, a média móvel de mortes chegou a 319 óbitos por dia. Agora, há mais de 40 dias, o país enfrenta médias acima de 1.000 mortes diárias. As mortes no Brasil subiram 11%, enquando no resto do planeta caíram 6%, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).
Uma comitiva do governo deve ir a Israel conhecer o spray nasal em estudo para o tratamento da Covid-19. Ele só será usado no Brasil se chegar à fase 3 de estudos, afirmou o presidente. Bolsonaro entende que haverá pouca resistência porque o medicamento seria usado só em casos graves. “É pra quem está em estado grave. Então dificilmente alguém vai, no meu entender, se opor a esse tratamento.”
Apesar da viagem planejada, a eficácia do medicamento ainda não foi comprovada.
Fonte: UOL