Em pouco mais de um mês, de 3 de janeiro a 13 de fevereiro deste ano, o número de internações de pacientes diagnosticados com Covid-19 cresceu 98% no Ceará, saindo de 512 para 1.018, segundo o IntegraSUS. A situação se agravou, principalmente, no fim de janeiro.
Em transmissão ao vivo pelas redes sociais nesta sexta-feira (19), o secretário estadual da Saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Dr. Cabeto, informou que 67 pessoas estão internadas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Estado à espera de leitos em unidades hospitalares da rede pública, que já estava, naquele dia, com 92,2% das vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para adultos preenchidas. Ontem (20), essa taxa variou um pouco, chegando a 91,65%.
Em Fortaleza, o aumento da demanda por leitos de enfermaria e terapia intensiva de janeiro a fevereiro foi ainda mais expressivo, saindo de 113 para 291, num salto percentual de 157,5%. Houve, porém, um momento de queda. De 24 a 30 de janeiro, a Capital tinha 230 pacientes internados, número que caiu para 211 na semana seguinte, mas saltou para 291 logo depois.
A pressão sobre a rede pública de saúde acompanha a saturação da rede privada. Segundo Aramicy Pinto, presidente da Associação dos Hospitais do Ceará (Ahece), as unidades particulares estão operando com a ocupação máxima de leitos de UTI exclusivos para a Covid-19. Ele relatou que, no dia 11 de fevereiro, os dez hospitais associados que tratam a infecção tinham 98 pacientes internados em UTI, número que subiu para 141 na última quarta-feira (17). Em enfermaria, o crescimento no período foi de 69,5% — de 128 para 217.
“A providência que estamos tomando é abrir mais leitos, tornando salas de recuperação, UTIs de Covid-19”, afirmou Pinto, garantindo que devem ser abertos, neste formato, 65 leitos. Ele também garantiu que mais profissionais da saúde estão sendo contratados para atender à demanda e que não faltam equipamentos de assistência, já que foram adquiridos ano passado.
Reorganização de leitos
Na tarde da última quinta-feira (18), prefeitos de municípios cearenses se reuniram com o governador Camilo Santana (PT) para tratar do aumento da demanda por leitos de internação e articular a abertura de novos. Presente à reunião, a presidente do Conselho das Secretarias Municipais da Saúde do Ceará (Cosems-CE), Sayonara Cidade, garantiu que a situação é preocupante. “A ocupação de leitos tem comportamento bem parecido em todas as regiões de saúde, com aumento significativo do número de pacientes com Covid-19”, relatou.
A projeção do Governo é de, até 31 do próximo mês de março, expandir em 44,3% as estruturas de enfermaria e UTI exclusivas para tratar os infectados no Estado, saindo dos atuais 1.478 leitos para 2.133 — 655 a mais, sendo 464 só de UTI.
Cabeto diz que, neste momento, apesar de a letalidade da doença ser ainda menor do que a registrada no pico da pandemia em 2020, “é preciso maior isolamento” populacional diminuir a transmissibilidade viral e, consequentemente, as chances de mais mutações do coronavírus.
Mais de 9 mortes por dia na Capital
Segundo o mais recente boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a média móvel de óbitos por Covid-19 nos últimos sete dias, em Fortaleza, foi de 9,4, o que significa que mais de nove pessoas morrem diariamente pela doença. A maior parte no Meireles, na Aldeota e na confluência do bairro José Walter com o Planalto Ayrton Senna.
No Ceará, só na última sexta-feira (19), 29 pessoas morreram por Covid-19 em hospitais públicos e privados monitorados pelo IntegraSUS. Nesse dia, a taxa geral de letalidade hospitalar pela doença ficou em 1,59%, número ainda baixo se comparado à primeira onda. Mas, quase um mês atrás, no dia 24 de janeiro, essa taxa era de 0,51%, e vem aumentando.
“Proporcionalmente, deverá morrer muito menos (gente) do que na primeira onda”, entende o biólogo e epidemiologista Luciano Pamplona. Contudo, o especialista pontua que a circulação de novas variantes do coronavírus, mais transmissíveis, pode impactar mais significativamente nos óbitos no momento em que colapsar o atendimento na rede de saúde e as pessoas passarem a morrer não somente pela doença, mas também pela falta de leitos de internação.
Por Luana Severo
Fonte: Diário do Nordeste