As máscaras passaram a fazer parte da rotina da população brasileira há cerca de um ano, quando os primeiros casos de Covid-19 foram diagnosticados no Brasil. Fundamental para evitar a proliferação do coronavírus, o item de proteção individual continua sendo indispensável diante do aumento de casos da doença no País. Infectologistas do Hospital São José (HSJ), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), trazem recomendações importantes quanto ao uso e o descarte dos objetos, que ainda são alvos de dúvidas e questionamentos sobre sua eficácia.
Pessoas infectadas pela Covid-19 podem disseminar a doença ao conversar, tossir ou espirrar. A infectologista Evelyne Girão explica que as máscaras atuam como barreiras físicas, diminuindo a exposição e o risco de infecção. Segundo a médica, é necessário escolher um produto que seja confortável e, sobretudo, resistente. “Se a escolha for por uma máscara de tecido, o ideal é que ela tenha três camadas e que, pelo menos o tecido externo, seja feito com um material mais impermeável”, indica.
Cada vez mais populares, as máscaras de tecido se tornaram parte do vestuário de muitas pessoas, mas é preciso utilizar o modelo adequado para garantir a proteção contra o vírus. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o item deve ser produzido nas medidas corretas para cobrir totalmente o nariz e a boca, sem deixar espaços nas laterais. O órgão também recomenda evitar tecidos que possam irritar a pele, como poliéster puro e outros sintéticos. O ideal, portanto, é dar preferência às máscaras com algodão na composição.
“A melhor máscara para a gente usar é aquela com a qual a gente se sente confortável. Embora a máscara tenha virado uma coisa meio fashionista, a gente tem que pensar que não importa que seja bonita, mas sim confortável e que cubra nariz e boca”, afirma Melissa Medeiros, também infectologista do HSJ.
Diferentes tipos de máscaras estão sendo usados como forma de prevenção durante a pandemia. Além das produzidas com tecido, existem, ainda, as do tipo N95 e as cirúrgicas, ambas indicadas para uso em ambiente hospitalar. Evelyne Girão esclarece que não há necessidade de a população recorrer a estes modelos no dia a dia. “O Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde recomendam que, para ambientes não hospitalares, não existe indicação de uso para essas máscaras. A N95, por exemplo, é recomendada principalmente para profissionais da saúde que vão realizar procedimentos que têm um risco maior de geração de aerossóis [suspensão de partículas sólidas ou líquidas]”.
Reutilização
Diferentemente das máscaras descartáveis, as máscaras de tecido podem ser lavadas e reutilizadas de forma regular. Porém, conforme a Anvisa, o produto já não tem mais a mesma eficácia a partir da 30ª lavagem. O processo de limpeza dos itens deve ser feito à parte, com água corrente e sabão neutro, para que não haja contato com roupas ou outras peças. Depois de limpas e secas, as máscaras podem ser armazenadas em um recipiente fechado.
Sobre a alternância de máscara no rosto, Melissa Medeiros esclarece que a troca deve ser feita após três horas de uso ou quando o item estiver dificultando a respiração, sujo, danificado ou úmido. “Quando a gente fala, molha muito o tecido e, quando você tá molhando, umidificando, você está, na verdade, aumentando o risco de contaminação. Com isso, a pessoa pode disseminar o vírus em vez de se proteger”.
As máscaras descartáveis e as de tecido que estão desgastadas não devem ser colocadas diretamente na lixeira ou perto de materiais recicláveis. É necessário armazená-las em sacos de plástico ou papel antes de fazer o descarte no lixo. “Vale lembrar que o saco precisa ser vedado para que outras pessoas não sejam expostas ao a partir do contato direto com a máscara”, lembra Medeiros.
Prevenção complementar
As infectologistas do Hospital São José reforçam que o uso correto da máscara deve ser associado a outras medidas de prevenção no dia a dia. Para Evelyne Girão, os cuidados não podem ser esquecidos em meio à vacinação contra a Covid-19 em curso no Brasil. “As máscaras fazem parte de uma estratégia global de prevenção, que inclui o distanciamento social, a higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel e a atitude de evitar aglomerações. Dentro desse contexto, ela é comprovadamente eficaz pra redução da infecção”.