O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu neste sábado (30) o ministro Eduardo Pazuello (Saúde), alvo de um inquérito aberto pelo Supremo para investigar sua atuação no colapso da saúde pública em Manaus.
Ao sair de uma loja de motos em Brasília, Bolsonaro afirmou que Pazuello faz um “trabalho excepcional” e que ele é um “tremendo de um gestor”. Ele disse ainda que não é competência do governo levar oxigênio para Manaus.
“Pode investigar o Pazuello, não tem problema nenhum. Não há omissão, ele trabalha de domingo a domingo. Vira a noite. Eu duvido que com outra pessoa [no ministério] teria tido a resposta que ele está dando. Nós, Manaus, Amazonas: mandamos R$ 9 bilhões para lá, não é competência nem atribuição nossa levar oxigênio para lá, [nós] damos os meios”, disse.
A crise na capital do Amazonas eclodiu em 14 de janeiro, quando a falta de oxigênio em hospitais da cidade levou à morte de pacientes com Covid-19. O colapso na saúde em Manaus e e as acusações de omissão por parte de Pazuello levaram o ministro Ricardo Lewandowski, do STF (Supremo Tribunal Federal), a determinar a instauração de inquérito para investigar a atuação do ministro no episódio.
O governo foi avisado em 8 de janeiro pela fornecedora do insumo sobre a alta demanda. No documento, a empresa diz que “o imprevisto aumento da demanda ocorrido nos últimos dias agravou consideravelmente a situação de forma abrupta”.
Neste sábado, Bolsonaro respaldou a atuação de seu auxiliar.
“Quando ele [Pazuello] ficou sabendo numa sexta-feira [8 de janeiro] do problema de oxigênio, na segunda [estava] em Manaus. Na terça programou tudo, na quarta começou a chegar oxigênio lá. Com aviões das Forças Aéreas, vindo de balsa. Logo depois ele começou também a transportar o pessoal doente que não tinha leito em Manaus para outras capitais da redondeza, em especial os hospitais universitários. Ele faz tudo que é possível. Agora, uma investigação como essa, a gente não tem nada a temer”.
Na entrevista improvisada em frente à concessionária, o presidente se irritou com uma pergunta feita pela Folha.
O presidente foi questionado por que faltou oxigênio no dia 14 de janeiro, se o governo havia feito tudo o que podia, conforme ele havia dito.
“Ô cara, eu conheço você. As suas perguntas são sempre hipócritas. Hipócritas, têm a tua cara”, respondeu.
“Mas é para o estado que tem que prever isso. Ou você acha que tá faltando band-aid em algum lugar eu tenho que tomar conhecimento, tenho que tomar providência?”
Em uma outra parada no passeio de moto por Brasília, Bolsonaro disse que o governo vai comprar a vacina Sputnik V caso ela receba a luz verde da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
“Se a Anvisa aprovar a gente compra a Sputnik”, disse.
Ele fez novas críticas a políticas de isolamento social e disse que é preciso “aprender a conviver com o vírus”, principalmente diante de questionamentos sobre o período de proteção conferido pelos imunizantes.
A Anvisa recusou em 16 de janeiro o pedido de autorização de uso emergencial da vacina russa Sputnik V contra Covid-19 porque ele não atendia os critérios mínimos para aprovação da agência, como a condução de ensaios clínicos de fase 3 no país.
Na última segunda-feira (25), o presidente da União Química, laboratório nacional com acordo para importar e produzir o imunizante, disse que vai iniciar os ensaios clínicos de fase 3 no país tão logo a Anvisa dê o aval.
Fonte: Folhapress