Agricultores de base familiar de 55 municípios cearenses já receberam 2.169.470kg de milho variedade, milho híbrido, feijão caupi e sorgo forrageiro. As sementes distribuídas fazem parte do programa Hora de Plantar da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA).
Até a próxima quarta-feira (27) a distribuição será concluída aos agricultores cadastrados nas regiões Cariri e Centro-Sul cearense, mas todos os armazéns polos no interior já receberam o estoque do programa, que neste ano tem a meta de atender 155 mil agricultores familiares em 182 municípios beneficiados. No total, serão entregues 3.410 toneladas de sementes.
Além das sementes, a ação prevê a entrega de 5 mil metros³ de manivas de mandioca; 6,262 milhões de raquetes de palma forrageira e 736 mil mudas, entre frutíferas, de caju anão precoce e essências florestais nativas. A distribuição em Morada Nova começa nesta semana.
No campo, os agricultores que já receberam as sementes de milho e feijão estão aproveitando a terra úmida e fazendo o primeiro plantio de sequeiro deste ano. “Aprendi com meu pai que devemos plantar cedo para aproveitar as primeiras chuvas”, disse o agricultor Assis Bezerra, da localidade de Mundo Novo, na zona rural de Cedro. Neste ano, o produtor decidiu manter a área cultivada em 2020, um hectare e meio de milho consorciado com feijão.
Há 12 anos, o agricultor, José Machado recebe sementes de milho do programa e está satisfeito. “Tomara que o Ceará tenha um bom inverno”, disse. “Essa semente de milho dá boas espigas e o tempo de produção é mais cedo”.
O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Antônio Amorim, pontou que desde a década de 1980, o Ceará mantém o ineditismo de distribuir as sementes melhorada. “Possibilitam uma safra de ciclo curto e de maior produtividade”, observou. Para o governador Camilo Santana, a qualidade das sementes favorece ao agricultor “uma produção e um ganho econômico maior”.
Neste ano, devido à pandemia do novo coronavírus, a entrega das sementes segue um formato diferente das edições anteriores, em que cada agricultor cadastrado comparecia aos escritórios da Ematerce, nas cidades, e muitas vezes ficava exposto ao sol e à chuva.
“Estamos entregando somente aos presidentes de associações de moradores ou de produtores, que levam para a comunidade as sementes e fazem a entrega aos agricultores cadastrados”, explicou o gerente do escritório local da Ematerce, Erivaldo Barbosa.
Motivado por evitar aglomerações, o gerente do escritório da Ematerce, em Cedro, José André de Souza, também seguiu o modelo sugerido pelo governo do Estado, neste ano, de entrega dos sacos de sementes.
“Estamos pensando no próximo ano repetir esse formato, para isso, as associações devem estar organizadas, com diretoria formada e ativa”, frisou. “Nós fazemos um apelo para que os agricultores não vendam e não alimentem os animais com essa semente que é de alto valor genético”.
Ação
No período de 2015 a 2020, o programa já entregou mais de 15 mil toneladas de sementes, 35 milhões de raquetes de palma forrageira e 22.642 m³ de maniva de mandioca, além de 1.814.159 mudas de caju anão precoce, 646.863 mudas de essências florestais nativas e 12.685 mudas de outras frutíferas.
A expectativa do titular da SDA, De Assis Diniz, é que o Ceará tenha uma safra “superior a 800 mil toneladas de cereais, leguminosas e oleaginosas mediante a continuidade do Hora de Plantar, que é uma política pública decisiva em apoio aos agricultores familiares”.
Um dos diferenciais do projeto é o alto padrão da semente, que é fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A atual edição expandiu de seis para 90 toneladas a quantidade de milho biofortificado para 600 agricultores familiares do Estado.
A cultivar BRS-4104, desenvolvida pela Embrapa, possui uma concentração de carotenoides precursores da vitamina A de 2,5 a 3,2 vezes maior do que os valores encontrados no milho comum, mesmo mantendo características como cor e sabor.
Segundo a SDA, o resultado é um alimento mais nutritivo e com potencial de combater problemas de visão e baixa imunidade, causados pela falta de vitamina A na alimentação humana.
“O milho é um alimento abundante na mesa dos nordestinos, na preparação do cuscuz, da canjica, da pamonha, de bolos ou mesmo cozido”, observou De Assis Diniz.
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste