Como consequência do progressivo agravamento da pandemia de Covid-19 no Ceará, o governador Camilo Santana (PT) anunciou nesta quinta-feira (21) o acréscimo de 211 leitos de internação hospitalar à rede pública de assistência a pacientes infectados. Exclusivamente os leitos de terapia intensiva devem crescer 89,5% na região de saúde de Fortaleza (que compreende, além da Capital, Aquiraz, Eusébio e Itaitinga), 20,4% no Cariri e 150% no Sertão Central.
A reestruturação da rede hospitalar deve ocorrer num prazo de até 15 dias, segundo o secretário estadual da Saúde, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o dr. Cabeto. “Está bem acima da nossa necessidade”, disse o secretário, citando a reativação de dez a 20 leitos nos hospitais regionais, no Instituto Dr. José Frota (IJF) e no hospital Leonardo da Vinci. Mais cedo, o governador Camilo Santana se pronunciou sobre a medida.
“Nós vamos retomar muitos dos leitos que criamos ao longo da pandemia, praticamente 1.800. Todos eles foram mantidos para atender outras demandas. Agora, nós vamos retomar os leitos de UTI transformando de volta para Covid-19 exatamente para garantir não só na Capital, mas em todo o Interior, que a população tenha leitos”, disse.
Junto ao anúncio do reforço de leitos, Camilo afirmou que o Estado vai adotar medidas preventivas como a proibição do uso de áreas comuns de lazer em condomínios de praia e a recomendação de evitar viagens intermunicipais — principalmente de Fortaleza para o Interior, visto que a Capital tem registrado maior aumento da circulação viral da doença.
Aumento de leitos de UTIs para pacientes com Covid-19, por região de saúde:
• Fortaleza: de 181 para 343
• Cariri: de 93 para 112
• Sertão Central: de 20 para 50
• Sobral: segue com 60
• Litoral Leste: segue com 10
Outras medidas
Além de aumentar o número de leitos, o governador também anunciou que vai proibir o uso de áreas comuns de lazer em condomínios de praia e recomendar que a população evite viagens intermunicipais. A decisão é baseada no aumento da concentração viral da doença pandêmica, atualmente, em Fortaleza.
“No decreto, nós vamos recomendar que a população não viaje nos transportes intermunicipais, só faça esse fluxo para trabalho ou em ações essenciais, porque o maior foco está sendo na Capital”, afirmou.
Variante do novo coronavírus no Ceará
O secretário da Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto, informou que segue estudando a existência de infecções causadas pela nova variante do coronavírus no Estado. Amostras de casos cearenses suspeitos foram enviadas à Fiocruz para detecção da mutação do vírus. A variante já registra casos no Amazonas e levou o Reino Unido a decretar lockdown no início do mês.
“Há muita dúvida acerca da forma de transmissão da gravidade da nova cepa. O que estamos vendo no Ceará é a mudança do perfil epidemiológico. A doença está acometendo mais os jovens”, disse o gestor da Pasta.
Segundo o secretário, o índice de atendimento de pessoas infectadas pelo novo coronavírus teve um aumento de cerca de 30%, em média, chegando a ser de 70% em algumas unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do Estado. Sendo que esse crescimento foi composto por pacientes mais jovens, com idades abaixo dos 50 anos. Entretanto, a maior parte não se converteu em internações.
“Quando analisamos, especificamente, os atendimentos nas UPAs, o número de pacientes graves está menor que vimos em fevereiro, março e abril de 2020. Mas isso não quer dizer que não precisamos ser precavidos”, alertou Cabeto.
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Nessa quarta-feira (20), o chefe do Executivo estadual já havia antecipado que a reunião das autoridades de Saúde discutiria a situação epidemiológica diante do “aumento dos números da Covid-19”, também motivo de “muita preocupação”.
Camilo voltou a mencionar o acréscimo de testes positivos no Ceará para justificar a decisão. Dados do IntegraSUS, por exemplo, apontam que 107 dos 184 municípios estão com níveis de alerta “alto” ou “altíssimo” de propagação do SARS-CoV-2. Um mês atrás, esse alerta era registrado em 90 cidades.
Durante a coletiva de imprensa, o gestor explicou que a aceleração de casos até então não vinha trazendo reflexos negativos na demanda por atendimento médico em hospitais e nem no número de mortes, mas na última semana essa situação mudou.
“Houve aumento significativo na demanda assistencial, principalmente na Capital. Isso acende uma luz de alerta”, disse.
Manutenção da economia
O governador justificou que as novas medidas foram pautadas como estratégias para conter o vírus ao mesmo tempo em que preserva a economia local. “A nossa intenção, nesse momento, é não tomar nenhuma medida que afete a economia do Estado. Vamos tomar medidas que possam evitar aglomerações e o risco de aumentar a transmissão. Vamos avaliar semana a semana o comportamento dos números da pandemia”.
Camilo afirmou ainda que irá se reunir com o setor de transporte público para tentar diminuir a aglomeração nos veículos, principalmente, na Capital e que vai intensificar a fiscalização.
Decreto anterior
O decreto anterior, cuja validade seria até 31 de janeiro, seguiu as mesmas recomendações sanitárias impostas nas festas de fim de ano para evitar a disseminação do novo coronavírus. As recomendações obrigatórias foram publicadas no Diário Oficial do Estado (DOE) no último dia 9.
Além da proibição de festas, shows e eventos sociais, além da ampliação do horário comercial de estabelecimentos para evitar aglomerações, o documento citou ainda o cancelamento do carnaval em ambientes abertos e fechados.
Fonte: Diário do Nordeste