O capacete Elmo, equipamento de respiração artificial não invasivo, tem contribuído para o tratamento de pacientes internados em unidades da rede estadual com quadro leve ou moderado de Covid-19. Até o momento, o aparelho já foi aplicado no Hospital Leonardo da Vinci (HELV), no Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara (HGWA) e no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM), cujos profissionais de saúde foram capacitados para usar o dispositivo.
No Hospítal São José, 85 servidores, entre médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e técnicos de Enfermagem, foram treinados na última sexta-feira (15) para utilizar a tecnologia na unidade – ao todo, 25 exemplares do aparelho poderão ser aplicados nos pacientes da unidade a partir desta segunda-feira (18).
Erikesen Sousa Beviláqua, de 34 anos, está entre os pacientes do HGWA que usaram o Elmo. Obeso, diabético e asmático, o gerente comercial conta que teve 95% dos pulmões comprometidos devido à Covid-19. “Cheguei ao hospital usando o fluxo de oxigênio no máximo. Na UTI, estava ciente do grande risco que estava correndo de ser intubado, mas tentei manter a calma e orei muito por minha recuperação. O doutor Emersoneide João e os fisioterapeutas que estavam me acompanhando decidiram usar o capacete Elmo em mim. Quando colocaram, senti de imediato um grande alívio na respiração”, relata.
Após cerca de 15 dias de internação, Erikessen conseguiu se recuperar. Ele recebeu alta no dia 30 de dezembro e pôde passar o Réveillon em casa, na companhia da família. “Sou muito grato aos médicos, enfermeiras, técnicos de Enfermagem e fisioterapeutas do HGWA. Posso relatar que em nenhum outro lugar fui tão bem tratado, com respeito, carinho e, principalmente, com grande profissionalismo da parte das pessoas que ali trabalham”.
Os testes clínicos realizados com o Elmo mostraram que o capacete pode reduzir em 60% a necessidade de internações em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). No Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, três pessoas já utilizaram o equipamento. O clínico geral Elton Ferrer afirma que os pacientes conseguiram se adaptar ao dispositivo e tiveram a frequência respiratória controlada. “Eles conseguiram se alimentar, dormiram normalmente, foi muito tranquilo. É simples de manejar e traz conforto ao paciente. É mais uma forma de beneficiá-los e o melhor de tudo: é uma tecnologia genuinamente cearense”, pontua o médico.
Capacitação
Desde dezembro, a ESP/CE capacita profissionais de saúde da linha de frente para uso do capacete Elmo. Até quinta-feira, 14, foram treinados 127 servidores, entre médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e engenheiros clínicos da rede pública. A previsão é treinar 285 profissionais até março deste ano, incluindo trabalhadores de unidades de saúde do interior do Estado.
O treinamento tem o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza e do Centro Universitário Estácio do Ceará. A capacitação acontece no Centro de Simulação Realística da ESP/CE, espaço que permite o desenvolvimento de habilidades clínicas. O local conta com um ator para representar o paciente e simular o uso do equipamento. A formação permite a experiência com o processo de manejo do dispositivo, que envolve a sua montagem, utilização no paciente, desmontagem e desinfecção. Há também a discussão de conteúdo teórico.
A partir do treinamento, o Elmo passa a ser alternativa para tratamento de Covid-19 nas unidades e os profissionais saem preparados para utilizá-lo nos pacientes em caso de necessidade. Todos os colaboradores capacitados pela ESP estão preparados para ser multiplicadores do treinamento nos hospitais da rede estadual. “A partir da capacitação, os profissionais se tornam aptos para cuidar dos pacientes com o Elmo e atuar como multiplicadores da sua unidade, pois a abordagem educacional da simulação realística permite que possam repassar esse conteúdo técnico e prático com propriedade e segurança”, afirma Rafael Dantas, gerente do Centro de Simulação Realística da ESP/CE.