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E na moringa, não vai água? – Por J. Flávio Vieira

O médico e escritor J. Flávio Vieira escreve semanalmente neste espaço, sempre aos domingos

21 de julho de 2019
E na moringa, não vai água? – Por J. Flávio Vieira
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Zé Moringa soube da novidade, lá mesmo, na Cachoeira dos Gonçalves. Um colega viera para a famosa Feira do Crato, aquela que acontece secularmente às segundas feiras. Hoje a feirinha, já sem o fulgor de tempos passados, engolida pelos supermercados e pelos shoppings, deixou de ser o grande palco da cultura popular caririense. O amigo apeou-se por aqui no domingo, quando soube de um tal do Forró dos Velhos da 3ª Idade que estava acontecendo ali pras bandas da antiga mata da AABB.

Depois do relato entusiasmado, Zé Moringa resolveu, de pronto, conhecer aquela novidade que parecia uma reencarnação do inesquecível Forró da Casa Grande do Mestre Elói. E tinha lá suas razões para ficar serelepe como passarinho perto de máquina de beneficiamento de arroz. Passado já dos setenta, Zé sabia que turismo de velho praticamente se resumia a passeios por farmácias, postos de saúde e hospitais. O playground do mundo reservara-se para os jovens, aos velhos restara a cozinha, o sótão e o quintal. Moringa tinha fama de pé-de-ouro, mas as canelas acostumadas ao bolero, recusavam-se a desfilar ante as bandas de forró eletrônico e diante de ritmos estranhos que dependiam mais dos saracoteios da bunda do que das pernas. Por outro lado, enfrentava uma viuvez já de uns sete anos. O luto tomou de conta dos seus dias, até que descobriu que o caminho ainda se estendia à sua frente e que era preciso lamber todo o doce do pirulito, até chegar no pauzinho.

Chegou no domingo no Crato e informou-se de alguns parentes da novidade. O Forró tinha outros epítetos mais populares: também chamado de Forró do Cipó Mole, Forró do Péla Viria, Forró do Ponto de Papa, Forró do Trinca Quiba. Montou-se em um desses apelidos e, noitinha, partiu para as bandas da Avenida Perimetral. Havia uma multidão de interessados espremidos, já, na fila dos ingressos. Moringa notou que apesar da clientela ser típica da sua geração havia, por outro lado, uma chusma de garotões e meninotas tomando conta do salão. Dançavam bem mais entre si, mas preconceitos caíam facilmente pelo chão e, talvez pela predominância de coroas, barreiras etárias esfacelavam-se como paçoca em boca de banguelo. Como cachorro novo que adentra na floresta, Moringa começou pelas beiradas como quem saboreia prato de angu fervente. Tomou algumas talagadas, no barzinho, para quebrar um pouco o gelo. Depois, conhecedor melhor do terreno, pôs-se a dançar com a força e o ímpeto da adolescência. O baile explorava músicas de forró antigas, do tempo ainda em que havia a possibilidade de separar música de barulho. Não lhe faltaram pares, até porque dançava com leveza, coisa de quem foi alfabetizado, coreograficamente, em salões de cabaré.

O certo é que, já exausto e meio lelé, saiu da festa com o cisco dos varredores de salão. Levava debaixo do braço uma mocinha de uns quarenta anos que tinha apertado, na zona do corrupio, por mais de uma hora. Dali zarpou para casa dela, ali pertinho, na Vila Lobo, para outros apertos e afagos. Segunda cedinho, despediu-se sem muita cerimônia e meio ressacado, com aquela sensação de que havia engolido um porco-espinho, voltou para Cachoeira dos Gonçalves. Carregava consigo algumas constatações: dos epítetos da festa o melhor, no seu entender era o de “Péla Viria”. Na volta refletiu, um pouco, sobre o nome oficial que, de princípio, lhe parecera redundante: “Forró dos Velhos da Terceira Idade”. Compreendeu, rápido, que a velhice é apenas uma demão de cal que colocamos sobre a parede da vida. Pode ser colorida e vistosa, ou insulsa e em tons pastéis: a gente é que escolhe. Há pessoas da primeira, segunda e terceira idades e isso não depende daquela outra marcação cronológica ritmada pelo cair das folhinhas do calendário. O vinho tinto, na moringa desta vida, pode apurar o sabor, apresentar-se frutado e com bouquet encorpado ou, simplesmente, avinagrar. É a maneira com que acondicionamos as uvas do nosso sonho nos barris de carvalho dos nossos dias que fará a diferença. Zé Moringa entendeu, claramente, que é preciso degustar trago por trago, como um bom sommelier, gota a gota, antes que as extremidades se toquem, naquele breve espaço que separa a fralda infantil da fralda geriátrica.

Por J. Flávio Vieira, médico e escritor

*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri

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