O Ministério da Saúde informou que há pelo menos 58 casos suspeitos de reinfecção por Covid-19, e que estão sendo investigados em nove estados, no Brasil. A declaração ocorreu horas depois de o País confirmar a primeira paciente brasileira a ter reinfecção da doença confirmada em laboratório.
“Até o momento, nós temos 58 casos suspeitos [de reinfecção] que foram notificados por secretarias estaduais de Saúde. Nestes casos, a pessoa teve a primeira infecção confirmada e o que precisa ser confirmada agora é se houve a reinfecção”, explicou Greice Madeleine Ikeda do Carmo, diretora do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde, durante coletiva de imprensa realizada na noite de hoje.
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A médica do Rio Grande do Norte de 37 anos que foi contaminada duas vezes pelo vírus será acompanhada para ajudar cientistas a terem mais detalhes sobre como ocorre a segunda infecção. Ela foi o primeiro caso confirmado de infecções por duas linhagens diferentes do novo coronavírus no país.
A primeira coleta de 23 de junho, em João Pessoa, mostrou a linhagem B.1.1.33; já a do dia 13 de outubro, também na capital da Paraíba, apontou a B.1.1.28. Isso foi determinante para confirmar que se trata de um novo caso, e não de um reaparecimento do vírus, por exemplo.
A cientista responsável pelo sequenciamento viral que confirmou o primeiro caso de reinfecção, Paola Resende, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), diz acreditar que o caso se trata de uma paciente que não gerou a imunidade necessária para escapar de uma nova infecção em curto espaço.
Análise sorológica
Apesar de classificar o evento como algo ainda raro, ela cita que não há como uma pessoa saber se adquiriu imunidade após ter contraído e se curado da Covid-19. Hoje, além do caso da médica no Rio Grande do Norte, há vários outros casos em investigação.
“Para termos a comprovação da reinfecção é necessário atender todos os critérios estabelecidos. Nosso grupo participa do grupo de estudo de reinfecção da OMS (Organização Mundial de Saúde) e alguns critérios estão sendo adotados: ter mais de 90 dias entre um episódio e outro, a sintomatologia tem de ser relacionada, o exame de RT-PCR precisa ser confirmado em outro laboratório. Tivemos esses critérios para se confirmar a reinfecção, além de uma amostra negativa entre os dois episódios”, aponta.
A cientista explica que a reinfecção da médica potiguar ocorreu com uma linhagem diferente da primeira vez. Entretanto, isso não quer dizer que o vírus tenha sofrido uma mutação a ponto de criar tipos diferentes, como ocorre no caso da dengue —que tem quatro sorotipos diferentes.
“Eu acredito muito que essa reinfecção está mais relacionada com a capacidade do hospedeiro a produzir imunidade, do que com as linhagens circulantes. Porém, conforme vai evoluindo ao longo do tempo, a gente vai precisar revisar e, se necessário, alterar a cepa da vacina, como fazemos com o Influenza. Com quase um ano em circulação, as linhagens ainda são muito similares para gerar diferentes respostas. Mas a vigilância genômica e análises complementares precisam ser contínuas”, explica.
Fonte: UOL