Estudantes da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) ocuparam o Campus da Liberdade, em Redenção, no Interior do Ceará, em protesto contra o cancelamento do vestibular exclusivo para pessoas transgêneras e intersexuais. O ato foi decidido em plenária realizada na noite de terça-feira (16), após a suspensão ser divulgada pelo presidente Jair Bolsonaro por meio das redes sociais.
As inscrições para o vestibular haviam sido abertas no dia 15 de julho. Um dia depois, a prova foi cancelada. A Unilab havia ofertado 120 vagas em 15 cursos nos seus três campi, dois no Ceará e um na Bahia. Em resposta à suspensão, a instituição informou, em nota, que o edital do exame “vai de encontro à Lei de Cotas e aos princípios da razoabilidade, proporcionalidade e da ampla concorrência em seleções públicas”.
“A ideia é dar continuidade à ocupação até que tenhamos um novo edital publicado”, afirma a estudante Geyse Anne da Silva, integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Unilab.
Segundo um funcionário do setor administrativo da Universidade que preferiu não se identificar, ainda na noite de terça-feira (16) estudantes fizeram uma manifestação no Campus da Liberdade e passaram a noite em uma das salas da instituição.
O servidor afirmou que as aulas estão acontecendo normalmente, já que “a intenção dos estudantes é que, amanhã, a ocupação seja geral, fechando os três campi” da Unilab no Ceará (dois em Redenção e um em Acarape).
A assessoria de comunicação da Universidade, porém, afirmou ainda não ter conhecimento sobre a movimentação dos discentes, tampouco sobre alteração da rotina de atividades no campus.
Assembleia geral
Uma nota pública divulgada pelo DCE da Unilab convoca estudantes, professores e técnicos administrativos da universidade para se mobilizarem em assembleia geral que será realizada na quinta-feira (18), no Campus da Liberdade, em Redenção.
O texto se posiciona ainda contra o cancelamento do vestibular. “[A decisão] feriu a autonomia universitária para estabelecer seus próprios mecanismos de acesso. É mais um ataque transfóbico do presidente que visa perpetuar a exclusão deliberada de uma população extremamente marginalizada do acesso à educação.”
A Unilab porém, frisa em que o processo “visava à ocupação de vagas ociosas, que não foram preenchidas por editais regulares da Unilab, notadamente aqueles baseados no Enem/SiSU”.
Fonte: G1 CE