Depois de 19 dias de crise e dois apagões, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) visitou o Amapá neste sábado (21), dia em que geradores termoelétricos contratados para contornar as falhas no fornecimento começaram a funcionar parcialmente. Bolsonaro disse que o governo federal fez tudo o que podia para retomar o fornecimento da energia no estado.
O presidente viajou acompanhado do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e do senador Davi Alcolumbre.
Eles foram recepcionados pelo governador do Amapá, Waldez Góes (PDT), e recebidos por uma manifestação. Eles fizeram uma visita à central de energia e depois falaram à imprensa, mas não permitiram perguntas dos jornalistas.
Bolsonaro fez um discurso breve, destacando as ações das Forças Armadas.
“Podemos garantir que a segurança energética vai permanecer nesse estado daqui pra frente. […] Estavam carentes, mas não sem assistência. Desde o começo fizemos todo o possível para restabelecer a energia no estado” – Jair Bolsonaro
Em seu pronunciamento, o ministro Bento Albuquerque destacou a Medida Provisória que vai isentar a população do pagamento de energia elétrica por 30 dias (que ainda não foi assinada), que haverá a distribuição de cesta básica para população carente (que ainda não ocorreu) e que vai apresentar (daqui a 15 dias) um novo plano energético.
O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é senador pelo Amapá, foi o que fez o discurso mais longo na entrevista coletiva, agradecendo as ações do governo federal.
Nenhuma das autoridades citou punição às empresas responsáveis pelo apagão.
Neste sábado foram ligados 20 megawatts dos 45 contratados. Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), o restante entrará em operação no domingo (22). Até a última atualização desta reportagem, havia bairros das zonas Sul e Norte de Macapá sem energia.
O governo federal havia anunciado que 100% do estado teria energia com os geradores termoelétricos neste sábado, mas agora o discurso foi de que esse é o início do restabelecimento completo. Todo o Amapá só deve ter eletricidade na quinta-feira (26), com a instalação de um novo transformador na principal subestação do estado.
Cronologia da crise
Até este sábado, o Amapá enfrentou dois blecautes totais: um no dia 3, que levou 4 dias para ter o fornecimento retomado mesmo que parcialmente, e outro na última terça-feira (17), que foi ajustado em cerca de 5 horas. Há investigações abertas em órgãos federais e estaduais para explicar as causas.
Nas últimas 3 semanas, o amapaense conviveu com parte do dia sem energia, já que foi estabelecido um sistema de rodízio e racionamento por regiões. Foi necessário manter novos hábitos em casa e no trabalho, até mesmo porque o cronograma nem sempre era cumprido.
Inicialmente, o governo federal deu prazo de 10 dias para solucionar o problema, o que não aconteceu. Em seguida, a distribuidora de energia, chamada Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), prometeu acabar com o rodízio e retomar a distribuição completa em 26 de novembro.
A CEA declarou que, com os geradores termoelétricos, o rodízio será suspenso, mas ainda vão ocorrer interrupções em horários de pico: das 14h às 16h e de 22h até 1h30. O diretor-presidente chegou a pedir paciência, enquanto o problema é resolvido.
Muitos moradores ficaram temerosos com a perda de eletrônicos com os desligamentos e retomadas da luz em horários fora do rodízio. Dormir também foi um privilégio.
A Justiça Federal determinou que a “completa solução” do problema seja providenciada até 25 de novembro pela Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE) — responsável pela Subestação Macapá, ligada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e que pegou fogo em 3 de novembro.
Os geradores termoelétricos que agora começam a funcionar vão garantir o abastecimento até que mais dois transformadores da principal subestação do estado voltem a funcionar. E, depois, eles ficam de retaguarda, para evitar novos blecautes.
Duas horas de visita presidencial
Bolsonaro chegou ao aeroporto de Macapá pouco depois das 15h, e após as 17h decolou para Brasília. Na rápida visita ao estado, ele fez breves cerimônias para ligar os geradores termoelétricos.
Essa foi a segunda vez que Bolsonaro viajou ao Amapá. Na primeira visita, para a inauguração do aeroporto de Macapá em abril de 2019, ele não saiu das instalações do terminal aeroportuário.
A visita do presidente foi anunciada na quinta-feira (19), em meio a pedidos para afastamento dos diretores da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) – que foi negado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
Fonte: G1