O ator Cecil Thiré morreu nesta sexta-feira (9), aos 77 anos, de causas naturais, enquanto dormia em sua casa no bairro do Humaitá, no Rio. Filho da atriz Tônia Carrero, ele enfrentava há alguns anos o mal de Parkinson. Além de dirigir obras no cinema e no teatro, Cecil ficou marcado por seus papéis na televisão, como os vilões Mário Liberato em “Roda de Fogo” (1987) e Adalberto em “A próxima vítima” (1995).
Nascido em 28 de maio de 1943, no Rio, Cecil foi o filho único do casamento entre Tônia Carrero e o artista plástico Carlos Arthur Thiré. Desde cedo, o ator assumiu a tradição artística da família, tendo inclusive feito uma pequena participação, quando tinha apenas nove anos, no filme “Tico-tico no fubá” (1952), estrelado pela mãe. Seu primeiro trabalho profissional foi aos 18, como assistente de direção de Ruy Guerra no filme “Os Fuzis”. Mais tarde, dirigiu filmes como “O diabo mora no sangue” (1968) e “O Ibraim do subúrbio” (1976).
Em 2012, o ator fez seu último trabalho televisivo na novela “Máscaras”, da Record, onde estava desde 2006. A produção lhe proporcionou o reencontro com Lauro César Muniz, criador do personagem de maior destaque de Cecil ao longo de sua carreira em novelas: o vilão homossexual Mário Liberato, de “Roda de fogo” (1986). Na trama, ele interpretava um advogado corrupto que tentava, a todo custo, destruir Renato, seu ex-cliente vivido por Tarcísio Meira.
‘Final estava bem difícil’, conta filha
Cecil deixa sete netos e quatro filhos, dos quais três são atores: Luisa, Carlos, Miguel. Em um vídeo enviado pelo WhatsApp a pessoas próximas da família, Luisa lembrou com carinho do pai e contou que os últimos momentos haviam sido “bem difíceis”.
“Ele vai deixar muita saudade. Papai foi um cara muito importante para a arte toda. Deixou muita coisa boa, muito aprendizado. Foi professor de muita gente, tanto de cinema quanto de teatro. Lembro de eu, pequena, entrando no Teatro Fênix, ele gravando o ‘Viva o Gordo’, e a claque inteira vindo falar comigo como papai era querido. Por onde andou, ele fez amigos de A a Z. Que ele descanse, porque ele merece. Esse final estava bem difícil”, contou a atriz.
A última aparição pública de Cecil havia sido durante a cerimônia de cremação da mãe, morta em março de 2018 por uma parada cardíaca. Numa cadeira de rodas, o ator chamou a atenção pela aparência abatida. À época, seu primo, Leonardo Thierry, contou que Cecil havia perdido a capacidade de andar e já mal falava, devido ao estágio avançado da doença: “Ele perdeu a capacidade de andar e em certas horas do dia fala muito mal. Cecil ficou muito abalado com a morte da mãe. As fotos que foram feitas no velório refletem a tristeza do momento. Os pacientes com Parkinson reagem muito mal ao estresse emocional”, disse Leonardo.
Fonte: O Globo