Com uma boa situação fiscal, na comparação com outros estados brasileiros, e com o retorno da maior parte das atividades econômicas suspensas durante o período de quarentena, o Ceará deverá apresentar um desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) melhor do que o do Brasil, tanto no fechamento de 2020 como no de 2021. De acordo com o Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nupe) da Unifor, para este ano, o PIB estadual deverá apresentar uma retração entre 5,9% e 2,8%, com cenário mais provável de -4,4%. Para o País, o Nupe estima uma queda de 6,7% a 3,6%, com cenário mais provável de -5,1%.
O cenário confirma a previsão já apresentada pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) em junho deste ano de que o PIB estadual deverá encolher 4,92% em 2020, enquanto o nacional terá queda de 6,5%.
“O Ceará é o Estado da federação que tem as contas públicas mais ajustadas. Nos últimos anos, o Estado teve condições de fazer caixa para fazer investimentos em infraestrutura, como a ampliação do Porto do Pecém, o hub aéreo e outros projetos que estão em andamento. E esses investimentos atraem empresas para o Ceará”, destaca o professor Chico Alberto, coordenador de Ciências Econômicas da Unifor. “Então é natural que o Ceará, assim como em anos anteriores, tenha um desempenho econômico melhor do que o Brasil, o que se reflete nas estimativas do PIB para 2020 e para 2021”.
Para 2021, o Nupe estima um crescimento do PIB cearense de 2,8%, no cenário pessimista, a 5,6%, no cenário otimista, com resultado provável de 4,2%. Já para o Brasil, o núcleo de pesquisas prevê um crescimento de 2,1% até 4,9%, com cenário mais provável de 3,5%. “O desempenho da economia do Ceará em relação à do Brasil é resultado de uma tendência histórica. De 2014 para 2019, enquanto o PIB do Brasil caiu 2,5% o do Ceará apresentou um crescimento de 0,87%”, diz Alberto.
O professor e economista Ricardo Eleutério destaca ainda que o modelo de retomada das atividades adotado no Ceará vem se mostrando mais eficiente do que o de outras unidades da federação.
Resultados
“A gente vem tendo um comportamento do PIB melhor do que o nacional e isso se deve sobretudo ao programa de reabertura gradativa da economia do Ceará, que foi bastante planejado pelo setor público e contou com a participação de economistas e do setor privado”, afirma Eleutério.
No segundo trimestre de 2020, ante igual período de 2019, o PIB cearense apresentou uma retração de 14,55%. Já no primeiro semestre de 2020, a queda foi de 7,58%, enquanto no acumulado dos últimos quatro trimestres verifica-se um decréscimo de 2,72%, o que sinaliza um movimento de recuperação ao longo dos meses. Para 2021, o Nupe avalia que há uma previsão de retomada do crescimento da economia cearense, puxada pela execução de “grandes investimentos públicos estruturantes planejados”, que influenciará atividades ligadas à cadeia de produção da construção civil. A movimentação deve aumentar a produção e consequentemente a massa salarial, além da arrecadação de tributos no Estado.
Para o Brasil, as expectativas da variação do PIB setorial para 2021 mostram uma recuperação muito tímida. Para a indústria é esperado um crescimento de 4,7%; para o setor de serviços de 3,5%; e para o setor agropecuário de 2,5%.
Câmbio
Em relação ao comportamento da taxa de câmbio, o Nupe aponta que o Real está entre as moedas mais desvalorizadas do mundo em 2020, o que vem favorecendo as exportações. Mas que a perda de força não é exclusividade do real.
Fonte: Diário do Nordeste