O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) terminou na tarde desta segunda-feira, 28, a denúncia contra o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ) e contra o ex-assessor Fabrício Queiroz por envolvimento no esquema das rachadinhas. Na peça, assinada pelo subprocurador-geral de Justiça de Assuntos Criminais e Direitos Humanos, Ricardo Martins, o filho Zero Um é apontado pelos investigadores como autor dos crimes de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Também foram denunciados funcionários do gabinete de Flávio da época em que o parlamentar era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A decisão do MP estadual de formalizar desde já denúncia contra o senador leva em conta o fato de que desde junho está nas mãos de Gilmar Mendes um pedido do MP para que o Supremo Tribunal Federal (STF) decida em que instância Flávio poderia ser investigado e processado. Diante da demora do STF em definir onde Flávio deve ser julgado, os investigadores decidiram dar seguimento e apresentaram formalmente a acusação contra o parlamentar.
Rascunhada há cerca de um mês, a denúncia contra Flávio Bolsonaro é fortemente calcada em provas periciais e tinha, em sua primeira versão, cerca de 500 páginas. Por ordem do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, foi enxugada para ficar mais concisa e deixar as minúcias para uma espécie de apenso da acusação.
Sem ter conseguido fechar nenhuma delação premiada para detalhar o esquema de recolhimento de salário de funcionários, os promotores seguiram a trilha do dinheiro a partir de quebras de sigilo e do cruzamento com transações, como o volume de vendas da loja de chocolates da qual Flávio é sócio. As coincidências entre saques de funcionários dos gabinetes, depósitos do ex-assessor Fabrício Queiroz e a tabulação financeira da loja, por exemplo, levaram os investigadores à convicção de que a franquia da Kopenhagen em um shopping na barra da Tijuca era uma central para esquentar o dinheiro das rachadinhas.
Desde que se viu enredado na acusação de receber parcelas da folha de pagamentos de subordinados, o senador tem tentado anular provas, destituir investigadores e paralisar o caso a qualquer custo. Em um despacho sigiloso, o desembargador Milton Fernandes, responsável pelo caso de Flávio Bolsonaro na segunda instância, informou ao MP estadual que o ideal era aguardar que o Supremo desse a palavra final antes de qualquer futuro desdobramento das investigações. O temor do magistrado é o de que suas decisões possam ser futuramente desfeitas por uma canetada do STF. Ao formalizarem a denúncia nesta segunda-feira, os promotores rejeitaram a interpretação de Fernandes e decidiram levar o caso adiante.
Fonte: Veja