Mesmo ainda faltando seis dias para o mês terminar, setembro já é o terceiro maior dos oito últimos anos em número de queimadas. Entre 1º a 24, o Mapa de Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 369 focos de incêndios em vegetação no Estado. Este número já é, também, superior à média histórica para todo o período, que é de 310 queimadas.
Os maiores registros para setembro foram observados nos últimos dois anos. Em 2019 foram 460 focos e, em 2018, 429. “Não é uma coincidência qualquer, pois houve enfraquecimento das estruturas dos órgãos de fiscalização e até incentivo, quando os gestores não negam a ocorrência de incêndios criminosos”, explicou o ambientalista e agrônomo, Paulo Maciel. “Observe que outras regiões e biomas estão com incêndios acima da média”.
• 2020: 369 (3º)
• 2019: 460 (1º)
• 2018: 429 (2º)
• 2017: 336
• 2016: 335
• 2015: 183
• 2014: 136
• 2013: 177
Entre 1998 e 2020, o Inpe só registrou mais de 500 focos de queimadas no mês de setembro em 2001 (808), 1998 (601) e 2012 (512). O período com menor quantitativo foi em 2009, quando foram assinalados 93 focos. Até o momento as regiões no Ceará com maiores registros de queimadas, que demandam ação do Corpo de Bombeiros Militar do Estado, são Norte, Noroeste e Centro-Sul.
Combate a incêndios
De acordo com o quartel do Corpo de Bombeiros de Iguatu entre o 1º e 23 deste mês foram registrados combate a 73 focos de incêndios em vegetação, em 21 municípios da região. A maior parte dos incêndios (52) foi verificada no município de Iguatu.
Segundo informações do Corpo de Bombeiros, que registra as ocorrências a partir de denúncias pelo número 193, setembro deste ano só fica atrás de igual período de 2019, quando foram registrados 111 focos de incêndios. Já em agosto passado, a corporação registrou 90 ocorrências, em 20 municípios, mantendo Iguatu na liderança, com 70 focos. É o segundo maior registro dos últimos sete anos, ficando atrás apenas de 2019, quando foram assinalados 112 no período.
Caatinga
A caatinga sofre queimadas devastadoras, segundo análise do ambientalista Maciel. “A maioria dos focos de incêndios na vegetação é criminoso”, observa o comandante do Corpo de Bombeiros de Iguatu, coronel, Nijair Araújo. Maciel observa que a irregularidade das chuvas verificadas entre 2012 e 2018 na maior parte das regiões cearenses afetou as reservas de águas superficiais e subterrâneas.
“Essa é uma característica do semiárido, na verdade, e aliado ao uso errado dos solos, intensifica o processo de degradação de terras produtivas e de avanço da desertificação”.
Agosto passado teve o terceiro maior registro dos últimos 13 anos, ficando atrás de 2016 (286), recorde da série de 22 anos analisados; 2012 (267) e 2007 (237).
A vegetação esta seca nesta época do ano sertão cearense. O tempo cada vez mais quente e a baixa umidade relativa do ar formam um cenário favorável para o descontrole do fogo. Esse quadro aliado à ação humana de atear fogo para limpeza de área ou mesmo de forma criminosa favorecem que as chamas se espalhem rapidamente a alcancem áreas mais extensas.
“A ação humana faz com que haja a ignição e as condições climáticas vão dar essa intensificada”, pontuou a estudante de mestrado em Sensoriamento Remoto no Inpe, Ana Larissa. “Os dados são captados por um satélite de referência, usado para análises em um longo prazo”.
Por Honório Barbosa
Fonte: Diário do Nordeste