Após um momento de estabilidade, os indicadores da Covid-19 no Ceará passaram a registrar queda progressivamente. Além dos casos e óbitos, a média móvel de testes aplicados para identificar a doença também diminuiu. Em dois meses, foi observada uma redução de cerca de 59,45%.
No dia 14 de julho, a média registrada era de 5.972,43, conforme os dados da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Já em 14 de setembro, a quantidade baixou para 2.421,29.
A queda na média móvel de testes é diretamente influenciada pela própria redução do número de casos, como explica o patologista clínico Paulo Marcelo Oliveira, membro da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) no Ceará. “Em julho, ainda se estava investigando muito, principalmente no Interior, com focos no Cariri, Sertão Central, Crateús.
A gente continua testando todo mundo que vai ser internado, para saber a situação epidemiológica, se o paciente já teve, se tem. E, de fato, tem caído não só o número de testes, mas a positividade dos testes. Já foi maior antes”, avalia.
A menor frequência da positividade nos exames é confirmada pelo titular da Sesa, Carlos Roberto Martins. Ele relata que já foram realizados inquéritos sorológicos e com testagem viral em todos os bairros de Fortaleza, em Sobral, Iguatu e na região do Crato, Juazeiro e Barbalha.
Prioridade
“A circulação viral em Fortaleza está muito baixa. Dos exames realizados, estamos com índice de positividade muito baixo. Já chegamos a ter, de cada 100 exames, 60 a 70 positivos. Hoje, temos entre 1% a 3%. São valores bem menores, e, nesse momento, é preciso prestar atenção nos detalhes”, ressalta o secretário.
Segundo ele, os testes moleculares, chamados de RT-PCR, são a prioridade atual. Os exames para identificar a Covid-19 dividem-se em duas categorias principais: o de biologia molecular, chamado de RT-PCR, e o sorológico, conhecido como o teste rápido. “Nessa fase, é muito mais importante documentar a infecção precoce. Para isso, é RT-PCR”, afirma.
Atualmente, o Estado tem capacidade para realizar 3 mil exames desse tipo por dia. Após a inauguração do centro de testagem da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) no Eusébio, cuja capacidade ainda está em expansão, será possível chegar a 13 mil exames por dia, ainda conforme o secretário Carlos Roberto Martins.
“A média móvel não deve aumentar necessariamente com a chegada desse centro da Fiocruz, mas é importante que ele exista. A disponibilidade de testes vai ajudar na prevenção de novos surtos, novos focos da doença”, pondera Paulo Marcelo. O médico destaca que ainda há grupos suscetíveis à infecção, como os estudantes que ficaram em casa devido à suspensão de aulas presenciais.
“Elas provavelmente não pegaram e, se forem expostas, podem pegar. Por isso é bom ter testes disponíveis”, detalha. O patologista clínico reforça, ainda, que a média móvel de testes mais baixa é “um bom sinal” para o Ceará.
“Os testes são proporcionais aos casos. A pessoa só faz um teste quando tem sintomas, ou quando está necessitando. Isso acompanha os outros gráficos de redução. A situação epidêmica do Ceará está melhorando. A pandemia ainda não acabou, mas ela reduziu bastante”, declara.
Fonte: Diário do Nordeste