Para Roberta Cristina Campos, 17 anos, os sinais de câncer de pele surgiram como pequenas manchas no corpo em 2014, facilmente confundidas com alergia. Após procurar o Sistema Único de Saúde (SUS), ela foi diagnosticada com micose fungoide, um tipo raro de câncer de pele, em outubro do ano passado. No entanto, mesmo depois de seis meses de tratamento específico, apenas metade da doença foi combatida, enquanto outras células cancerígenas necessitam de um tratamento caro e não disponível na rede pública.
Sem condições de bancar o custo total, a família abriu uma vaquinha online para arrecadar o dinheiro dos remédios. No combate ao câncer, Roberta utilizará quatro frascos mensais de doxorrubicina lipossomal peguilada, com custo de aproximadamente R$ 2 mil cada. O tratamento dura seis meses, totalizando 24 frascos.
Moradora de Paramoti, cidade localizada a cerca de 100km de Fortaleza, a jovem precisou interromper os estudos no 3º ano do Ensino Médio e se afastar de amigas de infância para realizar o tratamento médio. Quando melhorar, tem o sonho de retomar à escola e entrar na universidade.
“Toda ajuda é muito bem vinda, vou ficar muito grata. O que eu mais quero é viver. Meu sonho é ficar curada e viver minha vida”, pontua a jovem.
Além disso, a luta contra o câncer também fez nascer a vontade de ajudar outras pessoas em situações similares à sua. “É muito ruim isso. Quando eu ficar boa, quero ajudar as pessoas. O que eu puder fazer para alguma pessoa que tem essa doença ou outra, é o que vou fazer”, acrescenta.
Luta na justiça
Buscando garantir o recebimento do remédio de forma gratuita para realizar o tratamento de Roberta, a família entrou com um processo na justiça por meio da Defensoria Pública do Ceará (DPCE) pedindo pelo recebimento do remédio por meio do Governo do Estado. Conforme o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), o processo tramita em segredo de Justiça na 3ª Vara de Infância e Juventude de Fortaleza.
O caso foi transferido para a competência da Comarca de Vara Única da Comarca Vinculada de Paramoti.
Sem previsão de uma resposta do processo, familiares iniciaram a vaquinha online e seguem recorrendo à contribuição de amigos, colegas e pessoas solidárias com a história. “A gente pode esperar, mas a doença não espera”, declara Roberta.
Tratamento
Segundo a mãe, Sônia Cristina Campos da Silva, 49 anos, a família buscava uma resposta para as manchas da filha desde quando ela tinha 11 anos. “Nunca fizeram uma biópsia, nunca chegaram a fazer um diagnóstico completo”, aponta. Com uma renda reduzida, fruto do trabalho na agricultura, o núcleo não tinha condições de buscar atendimento particular.
Em 2019, Roberta foi encaminhada para Fortaleza a fim de descobrir o que ocasionava as manchas. Depois de uma série de exames realizados nos Hospital Universitário Walter Cantídio, entre março e agosto, o câncer foi descoberto.
“A gente ficou muito triste, sem chão”, afirma. A filha, que gostava de sair com as amigas, andar a cavalo e estudar, precisou interromper uma série de atividades para batalhar contra o câncer. “Hoje a gente está esperando pelo remédio, mas a cada dia está piorando. Queria que ela tomasse para ficar boa logo”, finaliza a mãe.
Fonte: Diário do Nordeste