A campanha Setembro Amarelo faz um alerta sobre a importância do trabalho de prevenção ao suicídio, e nos últimos anos, as redes sociais entraram na mira de especialistas em saúde mental.
Estudos apontam os problemas que o uso excessivo dos aplicativos de relacionamento podem causar nos usuários, incluindo depressão e ansiedade, doenças que se não forem tratadas, agravam pensamentos negativos e podem levar ao suicídio.
O impacto é maior nas crianças e adolescentes
O acesso à internet nos dispositivos móveis, como celulares e tablets, mudou a forma como os jovens lidam com problemas cotidianos e interagem com as outras pessoas, principalmente quando se fala sobre os millennials, a geração que mais está ativa nas redes.
Depressão e redes sociais
As redes sociais operam sobre o que, em psicanálise, chamamos de alienação ao desejo do outro. Ou seja, elas se sustentam na demanda imaginária do amor do outro. A lógica é a do “bem me quer, mal me quer”, não mais de acordo com as pétalas da margarida, mas de acordo com o número de likes recebidos. Jovens adolescentes são mais vulneráveis pela maior necessidade de aprovação dos outros, principalmente dos outros jovens – explicou o autor e psicanalista Daniel Kupermann.
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) aponta que 41% dos jovens brasileiros sentem tristeza, ansiedade e sintomas depressivos ao passarem muitas horas nas redes sociais.
Na mesma linha, outro estudo da Universidade de Pittsburgh (EUA), realizado com 1,8 mil pessoas, afirma que os mais viciados nas redes sociais têm quase o triplo de chances de desenvolver depressão se comparado às pessoas que passam menos tempo conectadas.
Quantidade de likes x estado de humor
Esperar por novas notificações, comparar a própria vida com a de outros usuários e buscar continuamente visibilidade e likes tendem a alterar a relação do indivíduo com o mundo, por isso os estados psicológicos pioram. Segundo o autor e psicanalista Daniel Kupermann, a maior necessidade de aprovação é o que torna jovens e adolescentes mais vulneráveis.
Jovens viciados em redes sociais
Quanto maior a dependência das redes sociais maior a instabilidade emocional. De outro modo, os “viciados” tem seu humor mais dependente da resposta às suas postagens. Além disso, comparam mais a sua vida com o que vêem nas redes, e tendem a confundir as postagens – sempre positivas, onde os outros estão fazendo coisas “legais” – com a sua vida vazia, aumentando ainda mais sua vulnerabilidade e depressividade.
Tenha atenção ao sinal de alerta
Os quadros de depressão e ansiedade costumam ser diagnosticados quando o paciente se encontra em um estágio mais avançado, que é quando sente a necessidade de procurar apoio psicológico, como apontou Mario Eduardo Costa, psiquiatra e professor do departamento de Psicologia Médica e Psiquiatra da UNICAMP.
A pessoa só se dá conta do problema quando já está em um quadro depressivo. Por isso, é importante que haja um sinal de alerta para que ela busque ajuda humana, e não simplesmente virtual, pois a rede é uma teia que serve para o bem e para o mal. Geralmente, o paciente busca um especialista quando há muito sofrimento. Então, é importante ficar alerta para alguns sintomas, como insônia, depressão, ansiedade e dependência da rede social.
Paciente em consulta com psiquiatra
A participação dos pais ou de pessoas próximas no processo de aceitação do problema é essencial para o paciente, pois, normalmente, são eles que percebem o distanciamento causado pelo uso massivo das redes sociais.
As redes sociais devem ocupar um período limitada no cotidiano dos usuários – e os jovens precisam ser alertados para isso pelos pais ou cuidadores. E seria benéfico se fosse reiterado a eles que a vida é bem mais complexa (e rica) do que as redes sociais ilustram, explicou Daniel Kupermann.
Saiba como usar as redes sociais de maneira saudável
Nem tudo está perdido. Apesar de todos os problemas que o mau uso das redes sociais podem causar, elas também têm muitos lados positivos, principalmente por aproximar pessoas que estão fisicamente distantes, promover marcas e causas sociais de grande importância.
Porém, vale seguir algumas recomendações para um uso saudável dos aplicativos de relacionamento:
• Reduzir o período de uso das redes sociais;
• Interagir e manter um bom relacionamento com as pessoas fora dos apps;
• Realizar atividades, como leitura, brincadeiras com a família;
• Buscar um novo hobby que não envolva as redes sociais de forma direta;
• Humanizar o contato que é realizado nas redes sociais, como em chamadas telefônicas ou por vídeo.
Fonte: Seleções