O mês de setembro, apesar de marcar os últimos dias de inverno no Hemisfério Sul, dá início ao período mais quente no Ceará. A temperatura média compensada varia na casa dos 28°C e 29°C, enquanto a temperatura máxima média chega a ultrapassar 36°C em alguns municípios. Além do calor, a baixa umidade relativa do ar é outra preocupação até dezembro.
Segundo o meteorologista da Fundação Cearense de Recursos Hídricos (Funceme), Raul Fritz, a diminuição da cobertura de nuvens no céu após o período de estação chuvosa causa uma incidência solar maior na superfície. O fenômeno, por sua vez, aumenta a temperatura. “Com o ‘céu limpo’ ou poucas nuvens, as horas de sol são maiores. Isso faz subir a temperatura de ar sobre ela”, justifica.
O solo com menor cobertura vegetal verde e menos úmido, neste período, também contribui para o aumento das temperaturas.
Felizmente, este também é um período de ventos mais fortes, que acabam amenizando as temperaturas mais altas. “Faz com que a sensação de calor não seja muito grande, principalmente neste período. Essa sensação (de calor) vai aumentando em direção ao fim do ano, quando os ventos diminuem de intensidade”, reforça Fritz.
No interior do Estado, sem considerar as áreas serranas, as temperaturas são mais altas no início das tardes. Já no litoral, as temperaturas máximas são menores, explica o meteorogolista. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), neste mês de setembro, os municípios com as temperaturas médias compensadas mais altas são:
• Crateús (28,8°C)
• Iguatu (28,3°C)
• Sobral e Tauá (28,1°C)
Já no mês de outubro, lideram o mesmo ranking:
• Crateús (29,5°C)
• Iguatu (29,3°C)
• Tauá (28,9°C)
Em novembro, considerado o mês mais quente do ano no Ceará, lideram o ranking:
• Crateús (29,6°C)
• Iguatu (29,5°C)
• Tauá (29,1°C)
Em dezembro, quando o Estado se aproxima do período de pré-estação chuvosa, os municípios com temperaturas médias mais altas são: Iguatu (29,2°C), Crateús (29°C) e Tauá (28,6°C).
Por outro lado, a temperatura máxima média neste quadrimestre é liderada por Sobral, registrando 36,4°C, 36,6°C, 36,5°C e 35,9°C, respectivamente. Em setembro e outubro, Crateús fica em segundo lugar, tendo 35,5°C e 36°C, enquanto em novembro e dezembro, Morada Nova ganha destaque, com 35,9°C e 35,6°C.
Desde 1981, a maior temperatura registrada no Ceará foi em Crateús, que, em 2005, alcançou 39,8°C. Especificamente em setembro, Morada Nova e Crateús dividem este recorde dos últimos 39 anos, atingindo 39°C, em 1998 e 2000, respectivamente.
Chuvas
Entre setembro e dezembro, há possibilidade de chuvas isoladas e relativamente intensas ocorrendo no Ceará – mas são raras. “Vez por outra, principalmente em direção ao final do ano, em áreas litorâneas e serranas ou jaguaribana. Mas são ocorrências pouco frequentes. Em dezembro pode ter mais eventos de chuva no Cariri”, explica Fritz.
A média pluviométrica no Estado, segundo a Funceme, em setembro, é a menor do ano: 2,2 milímetros. Em outubro, chega a ser um pouco maior, somando 3,9 milímetros. Na medida que se aproxima do fim do ano, o volume tende a crescer, sendo 5,9 milímetros, em novembro, e 31,6 milímetros, em dezembro. Este último mês marca o início da pré-estação chuvosa no Sul do Ceará.
Umidade
O alerta, neste período, também é pela baixa umidade relativa do ar, que, além de oferecer riscos à saúde, aumenta a chance de propagação de incêndios florestais. “Não só pela temperatura, mas alertas têm sido disparados sobre a baixa umidade, chegando a valores próximos de 20%”, preocupa-se Ana Freitas, mestranda em Sensoriamento Remoto no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
“A OMS (Organização Mundial da Saúde) indica que abaixo de 30% já é necessário classificar como atenção”, finaliza Freitas.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu, nesta segunda-feira (31), um alerta de “Perigo Potencial” para 118 dos 184 municípios cearenses – o que representa 64,13%. O medida vale quando a umidade relativa do ar varia entre 20% a 30%, oferecendo um risco de incêndios e à saúde. A publicação é válida até esta quarta (2), às 18h10.
O alergologista e imunologista Cícero Inácio, aponta que a baixa umidade do ar pode causar problemas de saúde, como secura das mucosas nasais, exacerbação de conjutivites alérgicas, dermatite atópica, asma e rinite alérgica.
Por isso, recomenda, para o período, que a população tome bastante líquido, principalmente água, e evite estar exposto em horários mais quentes durante o dia – das 10h às 15h. “É importante evitar bebidas alcoólicas, principalmente destilados e, se a umidade estiver muito baixa, fazer uso de um umidificador de ar”, orienta o médico.
Por Antonio Rodrigues
Fonte: Diário do Nordeste