O procurador da República Deltan Dallagnol vai deixar a força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba. Coordenador da equipe de investigadores desde a sua criação, em 2014, Dallagnol disse que deixa o posto para se dedicar ao tratamento médico da filha.
Em vídeo publicado nas redes sociais, o procurador afirmou ser uma “decisão difícil”, mas “o certo a fazer” pela família. “Há algumas poucas semanas, eu e minha esposa identificamos alguns sinais que nos preocuparam em nossa bebezinha, de um ano e dez meses de idade”, disse. “Identificamos que ela passou a ter uma série de sinais de regressão em seu desenvolvimento.”
Em nota, a força-tarefa de Curitiba afirmou que “Deltan desempenhou com retidão, denodo, esmero e abnegação suas funções, reunindo raras qualidades técnicas e pessoais”. “A liderança exercida foi fundamental para todos os resultados que a operação Lava Jato alcançou, e os valores que inspirou certamente continuarão a nortear a atuação dos demais membros da força-tarefa, que prosseguem no caso.”
Dallagnol enfrenta hoje pressões contra sua atuação na Lava Jato. O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) tem processos contra ele à espera de julgamento. Caso seja condenado, ele poderá ser afastado compulsoriamente da força-tarefa.
Ele será substituído pelo procurador Alessandro Oliveira, que ficará responsável pelos processos da Lava Jato em Curitiba. O ex-coordenador, por sua vez, assumirá as funções antigas de seu substituto.
Segundo comunicado, Oliveira “é membro com maior antiguidade na Procuradoria da República do Paraná a manifestar interesse e disponibilidade para coordenar os trabalhos”.
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que atuava na Lava Jato quando era o titular da 13ª Vara Federal de Curitiba, parabenizou o ex-colega e disse esperara que o trabalho da operação “possa prosseguir”.
“Embora o trabalho seja institucional, é inegável o mérito de seu esforço e integridade individual. Apesar de sua saída por motivos pessoais, espero que o trabalho da força tarefa possa prosseguir”, afirmou Moro, por meio de nota.
Dúvidas sobre a Lava Jato
A existência força-tarefa em seu modelo atual está atualmente em discussão na PGR (Procuradoria-Geral da República). Até o dia 9 de setembro, o procurador-geral Augusto Aras precisa decidir se prorroga o trabalho do grupo ou até mesmo se vai extingui-lo.
A Lava Jato enviou um ofício à PGR na semana passada solicitando sua prorrogação. Esse ofício é assinado por todos os membros da força-tarefa, inclusive Dallagnol.
Fonte: UOL