Obesidade, hipertensão arterial, doenças cardíacas e depressão são alguns problemas que podem surgir (ou serem agravados) quando não dormimos bem.
Noites mal dormidas não causam apenas cansaço no dia seguinte; em alguns casos, as consequências podem ser mais sérias e desencadearem verdadeiros danos à saúde. Isso acontece porque, enquanto a pessoa dorme, o organismo recupera o equilíbrio do sistema imunológico, endócrino, neurológico e de diversas outras funções.
A quantidade necessária de horas de sono pode ser variável, dependendo de cada indivíduo e também da sua idade. Porém, independentemente do período adequado de descanso, outros fatores, como insônia, dores, desconforto e até a temperatura do ambiente podem interferir na qualidade do relaxamento, causando distúrbios bastante sérios.
A apneia obstrutiva do sono, que atinge 1/3 da população adulta, e a insônia crônica, que pode estar associada à depressão, são questões bastante sérias, que merecem atenção tanto por parte dos indivíduos, quanto dos profissionais de saúde que os acompanham, segundo o professor Alan Luiz Eckeli da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) e responsável pelo Centro de Medicina do Sono do Hospital das Clínicas da FMRP (HCFMRP).
Em entrevista à Rádio USP, da Universidade de São Paulo, o especialista destaca que a má qualidade do sono pode causar várias doenças, como diabetes e hipertensão arterial sistêmica. “Quando a pessoa tem apneia, sofre com múltiplos despertares à noite. Essa é uma das principais causas da hipertensão, arritmias cardíacas e doenças coronarianas. Além disso, noites mal dormidas afetam o sistema endócrino”, destacou.
Entenda os problemas de saúde causados pela má qualidade do sono
Quem dorme pouco tem maior probabilidade de desenvolver problemas cardíacos. Isso ocorre em função de alguns fatores:
• durante o sono normal, a pressão arterial se reduz. Assim, quem tem problemas de sono mantém pressão arterial elevada por um longo período. A hipertensão é um dos principais fatores de risco de doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais (AVC);
• a falta de sono pode levar a um ganho de peso prejudicial à saúde. Isso ocorre especialmente em crianças e adolescentes, que precisam dormir mais do que os adultos. Não dormir o suficiente pode afetar uma parte do cérebro que controla a fome;
• noites mal-dormidas também favorecem o surgimento ou agravamento de casos de diabetes tipo 2, doença que provoca o aumento do açúcar no sangue e que pode danificar os vasos sanguíneos, prejudicando o sistema cardiovascular.
Além de afetar a saúde do coração, a falta de sono interfere na síntese dos hormônios do crescimento e do cortisol (produzidos enquanto dormimos). Com isso, o metabolismo acaba sendo alterado, trazendo cansaço, dificuldade de raciocínio e ansiedade. Em gestantes, a deficiência de sono e a apneia leve eleva o risco de complicações na gravidez, como pré-eclâmpsia e diabetes.
Descubra o que fazer para dormir melhor
Para evitar as limitações, comprometimento da saúde e alterações de humor, vale a pena colocar algumas dicas em prática para conseguir dormir melhor. No entanto, lembre-se de que sempre é importante conversar com um especialista, que poderá detectar outros fatores que prejudicam o sono, indicando ações corretivas adequadas para cada caso.
• Procure ter um horário regular de sono, deitando-se todos os dias no mesmo horário.
• Faça atividade física durante o dia, mas evite os exercícios à noite; nesse horário, atividades mais relaxantes são indicadas.
• Evite ingerir cafeína, álcool e alimentos pesados (com altas quantidades de gordura e açúcares) à noite.
• Evite o uso de computadores e celulares antes de dormir. Se necessário, opte pelo filtro de luz azul.
• Mantenha o quarto arejado e na temperatura adequada.
• Invista em um bom colchão e travesseiros adequados e fique de olho em seus prazos de garantia.
• Troque a roupa de cama com frequência, especialmente se você sofre com alergias respiratórias. Além disso, também é possível investir em uma capa antiácaros para o colchão.