A derrota do bolsonarismo e da ameaça à democracia que compõe a luta pelo Fora Bolsonaro, inevitavelmente passa pelas eleições municipais deste ano. É preciso identificar e combater as candidaturas alinhada à onda odiosa, conservadora, reacionária e truculenta que vem ganhando espaço e desmontando conquistas históricas e extinguindo os espaços de participação e decisão social.
Derrotar Bolsonaro em cada cidade é uma necessidade vital para democracia. As candidaturas bolsonaristas negaram Bolsonaro como estratégia eleitoral, tendo em vista a sua desaprovação popular.
Entretanto, as alianças dos partidos das elites econômicas (partidos de direita) que estão na base de apoio ao governo Bolsonaro, não devem ser subestimadas.
A capilaridade bolsonarista tem penetração nas periferias pelo poderio econômico e religioso. A estrutura econômica sempre foi um vetor para eleger candidaturas de direita nas periferias, pelo perfil de eleitores voláteis que historicamente foram sendo construídos, entretanto, nas últimas décadas as igrejas neopentecostais, em especial, criaram movimentações para a disputa eleitoral e atualmente a bancada evangélica é uma das maiores bancadas no congresso nacional.
Podemos afirmar que boa parte dos evangélicos, atuaram nas últimas eleições presidenciais no sentido de eleger Bolsonaro e o bolsonarismo e com isso elegeu as suas candidaturas comprometidas com as pautas de ataque aos direitos humanos, a democracia, a criminalização dos movimentos sociais e de retirada de direitos da classe trabalhadora.
A presença do setor evangélico nas periferias e sua forma de operar deve ser percebida com um divisor nas eleições deste ano. A militância orgânica e gratuita das igrejas neopentecostais e de outras igrejas poderão fazer uma grande diferença no resultado eleitoral.
O campo popular, progressista, democrático e de esquerda deve fazer o exercício pedagógico de ampliar suas forças e de desguetização sua atuação, como estratégia eleitoral para avançar e consolidar a democracia, é preciso atrair os partidos de centro, os evangélicos e militares do campo democrático e progressista. Isso exige clareza do que queremos e desconstrução dos nossos preconceitos.
Sem amplitude e sem candidaturas unificadas, corremos o risco de dividir a esquerda e unificar a direita, em outras palavras, reduzir os espaços de participação social e ampliar os ataques a democracia e aos direitos da classe trabalhadora.
O jogo eleitoral e as costuras políticas possíveis, do campos das esquerdas, devem ser pautadas por uma plataforma política de defesa de cidades democráticas que consiga intercalar participação social e acessibilidade de serviços.
O resultado eleitoral irá antecipar ou adiar a derrota do bolsonarismo, a face perversa de um evangelho torturado e de botinas de feição miliciana. Amplitude, unidade e defesa da democracia é um verso para construído com as multidões.
Por Alexandre Lucas. Pedagogo, integrante do Coletivo Camaradas e presidente do Conselho Municipal de Políticas Culturais do Crato/CE
*Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Revista Cariri