Nesta terça-feira (28), o jornalista, músico e apresentador Rodrigo Rodrigues morreu prematuramente em decorrência de complicações da Covid-19. Rodrigo tinha apenas 45 anos e estava internado desde o último sábado, 25, com um quadro de trombose venosa cerebral. O problema ocorreu 15 dias após o diagnóstico da doença.
A ciência já descobriu que a Covid-19 vai muito além de uma doença respiratória e ataca vários órgãos e sistemas do corpo, incluindo o cardiovascular. Dois estudos publicados na segunda-feira, 27, no periódico científico Jama Cardiology, trazem novas evidências sobre os efeitos do Sars-CoV-2 no coração.
Um deles identificou a presença do vírus no músculo cardíaco na maior parte (60%) das 39 vítimas submetidas a autópsia. O outro estudo, realizado com 100 pacientes recuperados de Covid-19 mostrou que 78% deles ainda tinha inflamação no coração mais de dois meses após a recuperação.
A trombose venosa cerebral, problema que levou o jornalista à morte, acontece quando um trombo (coágulo) se forma dentro de um vaso do cérebro e interrompe o fluxo de sangue para determinada região. A infecção por coronavírus provoca uma inflamação dos vasos sanguíneos e isso aumenta o risco de trombose que pode atingir órgãos como pulmão, coração ou cérebro.
Não é incomum as infecções aumentarem o risco de coagulação. A pandemia de gripe espanhola de 1918, causada por uma nova cepa de gripe que matou cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo, também registrou a formação de coágulos em pacientes. Todos os vírus, incluindo HIV, dengue e Ebola, são conhecidos por tornar as células sanguíneas propensas a aglomeração. No entanto, o efeito pró-coagulação pode ser ainda mais pronunciado em pacientes com o coronavírus.
A associação entra a doença causada pelo novo coronavírus e o aumento da formação de coágulos ficou evidenciada em abril após a publicação de diversos estudos sobre o assunto, incluindo um feito no Brasil. Pesquisadores da Faculdade de Medicina da USP em São Paulo encontraram microtrombos nos vasos mais finos que irrigam o pulmão em vítimas da Covid-19.
Ainda não se sabe exatamente o que causa a formação desses coágulos. As principais hipóteses incluem efeito da ação do próprio vírus ou da tempestade de citocinas, resposta exacerbada do sistema imunológico no combate ao vírus.
Fonte: Veja