Apontado como uma voz de forte influência na ala ideológica do governo, o escritor Olavo de Carvalho sinalizou nas redes sociais durante a madrugada deste domingo o seu rompimento com o presidente Jair Bolsonaro. Em vídeo, o ideólogo declarou que Bolsonaro nunca foi seu amigo por não defendê-lo contra o que chamou de “gabinete do ódio contra o Olavo”, que, segundo ele, existe há décadas. O escritor ainda disse que Bolsonaro não age contra crimes e que derrubaria o governo se o presidente continuasse “inativo” e “covarde”.
“Milícia, gabinete do ódio, existe há muito tempo, foi inventado contra mim. Não contra o Bolsonaro. E o que ele fez pra me defender? Chega lá e me dá uma condecoraçãozinha. Se você não é capaz de me defender contra essa gente toda eu não quero a sua amizade. Porque eu fui seu amigo, mas você nunca foi meu amigo. Você foi tão meu amigo quanto a peppa. Você só tira proveito e devolve o que?”, disse em trecho do vídeo entremeado de palavrões.
E continua:
“Outra coisa, você não está agindo contra os bandidos, você vê o crime, eles cometem os crimes, você presencia em flagrante e não faz nada contra eles. Isso chama-se prevaricação. Quer levar um processo de prevaricação da minha parte? Esse pessoal não consegue derrubar o seu governo? Eu derrubo. Continue inativo, continue covarde, eu derrubo”, disse.
Após a repercussão das suas falas, Olavo escreveu em sua página no Facebook que ainda está “do lado do Bolsonaro”, mas que o presidente não pode esperar “palavras doces que só podem ajudá-lo a errar”.
“Ainda estou do lado do Bolsonaro. Lutarei por ele com todas as minhas armas. Mas ele que não espere mais de mim palavras doces que só podem ajudá-lo a errar.”, escreveu.
O assunto já está entre os mais comentados do Twitter. As falas de Olavo ocorrem em meio ao avanço do inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal. A Corte vai julgar nesta quarta-feira uma ação em que a Rede Sustentabilidade pede o arquivamento do caso por irregularidades na tramitação.
Após uma série de embates, o governo fez sinalizações ao Supremo em uma tentativa de distensionar a relação. Na mais recente, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, atravessou a praça dos Três Poderes na quinta-feira para se reunir com a ministra Rosa Weber.
A aproximação do governo com partidos do chamado centrão através da entrega de cargos em postos-chaves do Executivo também tem gerado um desgaste na gestão do presidente. Conforme o GLOBO mostrou, Desde julho do ano passado, parlamentares já pediram a nomeação para mais de 700 cargos federais — em 325 deles, ou 45% dos casos, o pleito foi atendido.
Fonte: O Globo