Investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Eleitoral (MPE) que apura um esquema de facilitação do saque do auxílio emergencial de Aurora, na região do Cariri, apontou um vereador, um pré-candidato a prefeito e outra pessoa como suspeitos de envolvimento no caso. Quatro mandados de busca e apreensão foram realizados nesta quinta-feira (21). O nome dos envolvidos não foi divulgado pela PF.
De acordo com o delegado à frente do caso, Bruce Miller, as investigações tiveram início após áudios divulgados nas redes sociais. Nas gravações, um religioso incentiva moradores da cidade a entregar seus documentos para um vereador facilitar a retirada do auxílio emergencial. Aos que aderissem, bastaria esperar receber um cheque com o valor.
“Esse pagamento seria feito com um cheque emitido diretamente pela própria lotérica. Sem a necessidade de filas. Nesse período de pandemia, a população mais vulnerável se torna suscetível de aceitar qualquer tipo de vantagem e essa vantagem eventualmente cria um vínculo psicológico. E elas se sentem obrigadas a votar naquele que facilitou o benefício”, esclareceu o delegado.
O município de Aurora não possui agências bancárias e por esse motivo grandes filas se acumularam na frente da lotérica durante o recebimento do auxílio. Todo o pagamento dos benefícios governamentais está concentrado na casa lotérica, no centro da cidade.
O auxílio emergencial é uma das medidas do Governo Federal para garantir a subsistência da população durante a suspensão de setores da economia durante o combate à pandemia do novo coronavírus.
Mandados de Busca e Apreensão
Quatro endereços, entre eles as residências dos três suspeitos envolvidos e a casa lotérica da cidade, foram alvos de mandados de busca e apreensão. Na primeira fase da Operação Arrebol, a PF tem o objetivo de analisar o material apreendido para esclarecer os fatos ou propiciar elementos para uma segunda etapa de investigações.
Luiz Conga, promotor eleitoral de Aurora, afirmou que o Ministério Público garantiu o funcionamento regular da lotérica. “Hoje nós tomamos um cuidado para que fosse mantido o pagamentos dos auxílios. A PF só foi nos objetos diretamente necessários. A lotérica continua funcionando” , disse.
“É direito de todo cidadão, que esteja com os requisitos da lei, receber esse auxílio sem dever conta para ninguém. É um direito dele, então quem está dentro dos requisitos deve receber na forma prevista na lei. Nós estamos acompanhando para que isso seja feito com a maior lisura possível”, afirmou Luiz Conga.
Fonte: Diário do Nordeste