As chuvas no Ceará do período entre fevereiro e abril de 2020 ficaram acima da média, de acordo com balanço divulgado pela Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) na manhã desta segunda-feira (4). O resultado vai em acordo com a maior probabilidade indicada pela instituição em janeiro deste ano, que era de 45% de chances de precipitações acima da normal climatológica.
No trimestre, o acumulado foi de 652,6 milímetros, enquanto a média é de 510,1 mm, ou seja, 28% acima do esperado. Considerando a distribuição de precipitações por macrorregiões, Cariri, no sul do estado, teve o saldo mais positivo: 41,2% acima da média.
“É o melhor trimestre desde 2009. Já considerando os dados desde 2000, é o 3º trimestre mais chuvoso do Ceará, ficando atrás somente dos anos de 2009 e 2008”, afirma Meiry Sakamoto, gerente de Meteorologia da Funceme.
Considerando ainda os três primeiros meses da Quadra Chuvosa, Moraújo, localizado na macrorregião do Litoral Norte, foi o mais chuvoso entre os 184 municípios do Ceará. Lá, o acumulado foi de 1.694 mm, o que representa um desvio positivo de 122,1%.
“Houve mais de 10 municípios com acumulados acima dos 1.000 mm. A maior parte destes está localizado próximo à faixa litorânea, como Moraújo, inclusive. Mas é bom observar que, mesmo dentro das regiões onde tiveram mais chuvas, houve municípios com poucas precipitações, com alguns nem mesmo alcançando as médias e ainda sofreram com veranicos. Essa irregularidade espacial e temporal é uma característica do clima semiárido”, diz Sakamoto.
Depois de Moraújo, as cidades com maiores acumulados foram Eusébio, Fortaleza e Pindoretama.
Evolução dos resultados
De 2012 para 2020, 88% dos resultados do trimestre observados pela Funceme foram de acordo com a categoria indicada nos prognósticos. Isto vem acontecendo a partir da inclusão de novos estudos e tecnologias.
“O nosso sistema de previsão climática, até 2012, era muito subjetivo. Daí que decidimos partir para um sistema mais objetivo baseado em modelagem numérica, mas com a cautela de descartar resultados que parecessem muito equivocados. Eu acho até que as probabilidades estão sendo subestimadas, já que a gente tem apontado a maior probabilidade para uma dada categoria e esta, na grande maioria, tem sido a observado. Ou seja, ela devia ser até maior”, destaca o presidente da Funceme, Eduardo Sávio Martins.
O gestor do órgão reforça que o risco de assumir os resultados a partir das indicações de modelos numéricos vem aumentando, porém, devido a fatores relacionados às mudanças da natureza, a melhoria dos processo acaba sendo necessária.
“É claro que precisamos melhorar sempre. Precisamos incorporar dados mais recentes, usar climatologias mais recentes como referências para que a gente possa sempre apontar um cenário diante de um mundo não estacionário”, finaliza Martins.