Por determinação da Justiça, Francisco Erivan Rangel Filho, conhecido por “Pantico”, e José Ribeiro Duarte, o “Rogai”, acusados de matar a agricultora Aparecida Ferreira Lima Rangel em 14 de janeiro de 2018, vão a júri popular nesta terça-feira (10), em Aurora, no Cariri cearense.
O julgamento estava marcado para começar às 9h, mas começou somente às 10h30, no Fórum Desembargador Jaime de Alencar Araripe, na mesma cidade.
Uma denúncia apresentada pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) no dia 8 de março de 2018 aponta que Erivan, marido da vítima, teria contratado o amigo José Ribeiro por R$ 400 para simular um assalto e matar a mulher.
Ainda segundo o MP, Erivan fez um seguro de vida em novembro de 2017 e colocou-se como beneficiário de um prêmio no valor de R$ 800 mil. Para a polícia, o seguro teria sido a motivação do crime.
Inicialmente, a suspeita era de que o companheiro da agricultora teria cometido um feminicídio motivado por um ciúmes sem controle, relatado por familiares em depoimentos. Porém, a denúncia do Ministério Público apontou o interesse financeiro como a motivação para o assassinato.
Revolta
Os suspeitos chegaram ao fórum escoltados pelo Grupo de Operações Regionais e devido à grande movimentação e revolta da população, o carro acessou o estacionamento do fórum. Os dois desceram do veículo com os rostos cobertos por um lençol, acompanhados de um advogado.
Desde cedo, familiares, amigos e moradores de Aurora se aglomeravam na frente do prédio do fórum, vestindo blusas em homenagem à agricultora, para protestar contra o feminicídio e pedir justiça. “Parem de nos matar”, diz um dos vários cartazes empunhados pelos parentes da vítima.
Conhecida por “Piriu”, Aparecida Ferreira Lima Rangel, de 40 anos, foi assassinada em janeiro de 2018 após ser atingida por uma barra de ferro na cabeça pelo seu próprio companheiro. A Polícia Civil de Aurora confirmou que o crime contou com a participação de José Ribeiro Duarte.
Em março de 2019, um grupo de aproximadamente 50 pessoas se reuniu em frente a Delegacia Municipal Aurora e percorreu as principais ruas da cidade em protesto pedindo paz e justiça. Um dos objetivos do ato era lembrar a morte de Aparecida.
Versão forjada
Erivan Rangel, que era casado há mais de 20 anos com Aparecida Ferreira, afirmou que ele e sua esposa estavam voltando de um balneário numa motocicleta na noite do crime, quando sua companheira, que estava na garupa da moto, se desequilibrou e caiu na rodovia CE-288, sendo atropelada por um outro veículo.
Ele noticiou à família da vítima que teria sofrido um acidente de trânsito e que, na ocasião, Aparecida veio a óbito. Ao ser questionado sobre os dados do veículo atropelador, Francisco não soube responder.
A polícia então retornou ao local do crime na manhã do dia 15 de janeiro e encontrou um barra de ferro com manchas de sangue a alguns metros de distância de onde a vítima foi achada. Aparecida deixou dois filhos.
Fonte: Diário do Nordeste