Cientistas da Universidade de Oxford analisaram dados do UK Biobank, um repositório biomédico com informações anônimas de milhares de pacientes do Reino Unido, e identificaram três fatores de risco modificáveis como os mais impactantes para o desenvolvimento da demência: diabetes, exposição à poluição do ar causada pelo trânsito e consumo de álcool.
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A pesquisa, publicada em 27 de março no periódico Nature Communications, também destacou uma rede específica de regiões cerebrais vulneráveis, que desempenha papéis cruciais em funções complexas como pensamento abstrato, planejamento, linguagem, e regulação emocional. Essa rede, que começa a degenerar precocemente com o envelhecimento, está associada a condições como Alzheimer e esquizofrenia.
Fatores de risco
A equipe de Oxford analisou tomografias cerebrais de 40 mil participantes com mais de 45 anos e avaliou 161 fatores de risco para demência. Esses fatores, considerados modificáveis, foram organizados em 15 categorias principais:
• Alimentação
• Consumo de álcool
• Diabetes
• Inflamação
• Interação social
• Níveis de colesterol
• Nível de educação
• Peso corporal
• Poluição ambiental
• Prática de atividade física
• Pressão arterial
• Qualidade do sono
• Saúde auditiva
• Saúde mental (como humor depressivo)
• Tabagismo
A professora líder do estudo, Gwenaëlle Douaud, destacou que as regiões cerebrais mais frágeis ao envelhecimento precoce são particularmente afetadas por diabetes, poluição do trânsito e consumo de álcool, reforçando a importância de políticas públicas e mudanças de hábitos para mitigar esses riscos.
Descobertas genéticas
Além dos fatores modificáveis, os pesquisadores identificaram variações genéticas ligadas a doenças como Alzheimer, Parkinson, esquizofrenia e um sistema de antígeno sanguíneo raro, o XG. Essa descoberta amplia a compreensão sobre a relação entre genética e doenças neurodegenerativas.
Estágios da demência: de leve a grave
De acordo com especialistas, a demência apresenta estágios com progressão lenta, começando por sinais sutis que impactam a memória e o raciocínio.
• Comprometimento cognitivo leve: Alterações sutis, que não comprometem drasticamente a rotina, mas indicam necessidade de avaliação especializada.
• Demência moderada: Perda de memória e confusão se intensificam, e o paciente precisa de ajuda para atividades cotidianas, como higiene pessoal e alimentação.
• Demência grave: Funções cerebrais ficam severamente comprometidas, exigindo assistência integral. Pacientes podem perder a capacidade de comunicação, mobilidade e autonomia.
Implicações para políticas públicas
Os resultados do estudo reforçam a necessidade de ações integradas para reduzir a exposição aos fatores de risco, como controle de poluição, estímulo a hábitos de vida saudáveis e melhoria no acesso à educação. Além disso, as descobertas podem orientar novas abordagens terapêuticas voltadas para a proteção das regiões cerebrais mais vulneráveis.
Por Bruno Rakowsky