A Organização Mundial da Saúde declarou nesta quarta-feira (11), que o surto de coronavírus é uma “pandemia global”. Tedros Ghebreyesus, o diretor-geral da organização, afirmou em entrevista coletiva que o alto número de casos fora da China torna necessário mudar a definição de pandemia. “Estamos preocupados com os níveis alarmantes de propagação e com os níveis alarmantes de inação”. No Brasil, até as 19h desta quarta, o ministério da Saúde havia confirmado 52 casos e 907 suspeitas em 23 estados além do Distrito Federal. Durante audiência na Câmara dos Deputados, o ministro da Saúde, Henrique Mandetta, garantiu que a rede laboratorial do SUS está reforçada. “Todas as unidades da federação estarão aptas, até o dia 18 de março, com equipamento, com kit pronto para fazer o teste dentro do seu estado. Não vai precisar mandar amostra para lá ou para cá”, disse Mandetta.
Veja o que mais é importante saber sobre o coronavírus:
O que fazer para evitar o contágio?
Lavar as mãos com frequência, com água e sabão. “Álcool gel funciona também. E como nem sempre você tem uma pia por perto, então é bom ter um álcool gel na mesa de trabalho, principalmente se você trabalha com atendimento ao público”, explica a Izabel Marcílio, médica epidemiologista do núcleo de vigilância epidemiológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Tossir cobrindo a boca e o nariz com o cotovelo flexionado, evitar tocar olhos, nariz e boca, evitar aglomerações e manter distância das demais pessoas, especialmente das que estão com tosse ou febre.
Devo evitar viajar? E se tiver voltado de viagem da Europa, por exemplo?
“Evitar viagens é prudente, se você puder”, diz Izabel. Para o caso de quem voltou de locais com muitos casos da doença, a recomendação da OMS é o monitoramento dos sintomas por 14 dias e a medição de temperatura duas vezes por dia.
Se eu tiver que viajar, devo viajar usando máscara?
“O contágio em um avião pode acontecer, mas já percebemos que com esse vírus o mais importante é o contato, conversar, ter contato e estar próximo a alguém infectado. Esse contato próximo é mais perigoso que o contato só respiratório, de só estar num mesmo ambiente”, diz Izabel. “Então não tem por que usar máscara se você não está doente. Quem tem que usar é a pessoa que está doente, é ela quem transmite”.
Devo evitar usar o transporte público?
“Ainda não estamos no momento de não recomendar usar o transporte público”, diz Izabel.
Quais são os sintomas do coronavírus?
Os sintomas são de uma gripe comum. Pode ter febre ou não, tosse e dificuldade de respirar. Alguns pacientes relatam dor, congestão nasal, dor de garganta e diarreia.
Devo trabalhar de casa?
“O home office é prudente”, diz Izabel. “Ainda assim, não estamos nessa situação ainda de o home office ser uma determinação, mas esse momento pode chegar em breve”, diz a especialista.
Se tiver de ir ao local de trabalho, qual deve ser o procedimento?
Se ainda não há possibilidade de trabalhar de casa, evite reuniões numerosas. A Organização Mundial da Saúde também divulgou uma cartilha específica para ambientes laborais. Valem as mesmas regras de higiene: limpar frequentemente com desinfetante mesas, teclados, telefones, celulares e outros utensílios de trabalho. Quem está com sintomas como tosse seca e febre baixa, deve ser encorajado a ir para casa (se para trabalhar de casa ou descansar, a decisão é da empresa).
Quais são os fatores de risco para a doença?
Se teve contato direto com alguém que teve a doença confirmada, se viajou para um país com muitos casos confirmados, se, por exemplo, tiver um colega de trabalho com a doença confirmada.
Quantas pessoas um doente confirmado pode contaminar?
De acordo com Izabel, cada doente pode contaminar em média 2,5 pessoas.
Como saber se eu estive em contato direto com algum doente confirmado?
Se considera contato direto quando a distância entre as duas pessoa é de menos de dois metros durante um tempo contínuo,
E quais são os grupos de maior risco?
No total, 2% das pessoas que contraíram a doença morreram, segundo dados da Organização Mundial da Saúde. O índice, porém, tem variado de país. “O grupo de risco são as pessoas mais idosas, com doenças pré-existentes, como hipertensão, diabetes ou doenças obstrutivas crônicas”, diz o professor Helder Nakaya, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP. Estudo de cientistas chineses publicado nesta semana aponta os aspectos elencados por Nakaya como agravantes do quadro dos pacientes.
O que eu devo fazer se suspeitar que estou doente?
Se você apresentar os sintomas compatíveis com a doença (febre, tosse, dificuldade para respirar) e tiver viajado a zonas consideradas como foco de infecção (China, Coreia do Sul, Singapura, Irã e Itália), e tiver tido contato com uma pessoa com caso confirmado, deve procurar uma unidade de saúde. “Se no HC chegar alguém que o médico achar que essa pessoa é suspeita, ela já sai do hospital de máscara, é recomendável não usar o transporte público, que fique isolada em um cômodo da casa bem ventilado, e que não divida os talheres e copos”, diz Izabel. “A recomendação é que ela fique assim até que os sintomas desapareçam, o que dura cerca de sete dias. Mas se o resultado der negativo antes, ela está liberada”. Ela afirma que geralmente o resultado sai entre um e dois dias. “Todos os casos suspeitos estão sendo monitorados, nós ligamos diariamente para esses pacientes”.
O que fazer se eu moro em um local precário e divido o quarto com muitas pessoas, por exemplo?
A recomendação de isolamento segue sendo a mesma. “Esse é um problema que a gente já enfrenta, porque a recomendação é sempre se alimentar bem, utilizar o medicamento que dá menos efeito colateral, fazer exercícios e quem vive em condições precárias já não tem como seguir essas recomendações”, diz Izabel.
Como é o teste de coronavírus?
O teste é baseado na coleta de amostras do trato respiratório. Pode ser realizado por um profissional de saúde em casa, mas ainda é incerta a capacidade do Brasil de ter o serviço, geralmente quando o estudo de caso é assintomático ou os sintomas são leves, ou em um centro de saúde, se o paciente é internado por uma condição grave.
O Governo informou que os planos de saúde terão que cobrir testes para coronavírus. Todos os hospitais estão preparados para fazê-lo?
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regula os planos, determinou que, sim, as coberturas privadas devem incluir os testes. A ANS, no entanto, ainda está disciplinando quais serão os tipos de teste, os protocolos e o prazo que dará às operadoras de planos para se ajustarem à determinação. Não há dados públicos sobre quais hospitais e laboratórios estão aptos a fazer o procedimento. Segundo o Ministério da Saúde, a meta é ter testes em todos os Estados brasileiros até 18 de março.
Os planos de saúde privados são obrigados a cobrir o tratamento da doença?
Sim. O tratamento para a doença já é garantido aos pacientes com casos confirmados de infecção, mas a cobertura depende da segmentação dos planos de cada paciente.
O que significa pandemia? O que muda agora?
A declaração de pandemia é consequência do número de países afetados, ou seja, de que boa parte da humanidade está potencialmente exposta ao vírus. No Brasil, até o momento, segundo o ministro Henrique Mandetta, a fase é de “recomendações” sobre a doença, mas que pode partir para “determinações”, conforme o aumento do número de casos.
Fonte: El País