A sabedoria popular diz que quem está tomando antibiótico deve evitar bebidas alcoólicas. E o conselho faz sentido — mas a precaução vai muito além desse tipo específico de remédio. De acordo com especialistas em farmacologia e saúde pública, misturar álcool com qualquer medicamento pode trazer riscos sérios, que incluem desde a perda de eficácia até consequências fatais, dependendo do fármaco envolvido.
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⚠️ Redução de eficácia: o remédio pode não funcionar
O consumo de álcool altera o funcionamento do organismo e pode interferir diretamente na absorção, metabolismo ou eficácia de diversos medicamentos. É o caso, por exemplo, de antidepressivos e anticonvulsivantes, cuja ação pode ser comprometida, prejudicando o controle de quadros como depressão e epilepsia.
Nos antibióticos, a situação é ainda mais crítica. Embora o álcool não “corte” o efeito da medicação de forma direta, ele suprime o sistema imunológico, dificultando a recuperação do organismo diante de uma infecção. Isso pode levar a tratamentos incompletos, favorecendo a resistência bacteriana e aumentando o risco de recaídas.
Pessoas com diabetes que fazem uso de insulina ou hipoglicemiantes orais também devem evitar o álcool. A ingestão da bebida pode provocar hipoglicemia grave, além de comprometer a ação dos medicamentos ao longo do tempo.
🧪 Interações perigosas: náuseas, úlceras e até coma
Outro ponto de atenção é a possibilidade de interações tóxicas entre álcool e determinados medicamentos. A mistura pode causar náuseas, vômitos, diarreia, úlceras estomacais e sangramentos gastrointestinais, especialmente quando combinada com antibióticos, anti-inflamatórios e aspirina.
O fígado, responsável por metabolizar tanto o álcool quanto a maioria dos medicamentos, é um dos órgãos mais afetados. A sobrecarga hepática pode desencadear danos irreversíveis. Um dos casos mais conhecidos é a mistura de paracetamol com bebida alcoólica, que pode provocar toxicidade hepática grave e até morte.
A combinação de álcool com ansiolíticos, tranquilizantes e inibidores de apetite também é perigosa. O efeito sedativo desses medicamentos pode ser potencializado, resultando em perda de consciência, desmaios e até coma.
👥 Tolerância individual não é garantia de segurança
Muita gente acredita que “beber pouco” ou conhecer alguém que já misturou álcool com remédio sem sentir nada é sinal de segurança. Mas isso é um engano. A tolerância ao álcool varia de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como sexo, idade, peso e condições de saúde.
Mesmo pequenas doses de bebida podem desencadear reações adversas, sobretudo em pessoas mais sensíveis ou com comorbidades.
🚫 Consumo zero: a recomendação da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) é clara: não existe um nível seguro de consumo de álcool. E, durante qualquer tratamento medicamentoso, o ideal é abster-se totalmente da bebida, por mais leve que seja o remédio ou o drinque.
Mesmo que os efeitos não sejam imediatos, a combinação pode causar danos cumulativos ao longo do tempo, agravando condições de saúde ou interferindo na eficácia de tratamentos importantes.
✅ O que fazer?
• Consulte sempre o médico ou farmacêutico antes de consumir qualquer bebida alcoólica durante tratamentos;
• Leia a bula dos medicamentos com atenção, principalmente a seção de interações medicamentosas;
• Evite o consumo de álcool mesmo após o término do tratamento, caso o medicamento tenha efeitos prolongados;
• Em tratamentos contínuos ou de longo prazo, adotar um estilo de vida sem álcool é o mais seguro.
Em resumo: a recomendação de não misturar álcool com antibióticos é apenas a ponta do iceberg. Para garantir a eficácia do tratamento e preservar a saúde, o melhor caminho é manter distância da bebida alcoólica sempre que estiver em uso de qualquer medicação.
Por Nágela Cosme