A farmacêutica alemã Merck, uma das maiores do mundo e fabricante de ivermectina, publicou nesta quinta-feira (4) um comunicado com um alerta contra o uso indiscriminado do vermífugo no combate à Covid-19.
O comunicado diz que seus cientistas estão analisando todos os estudos científicos conduzidos pelo mundo sobre a eficácia do medicamento contra o coronavírus. No entanto, a empresa identificou que:
• Não há base científica para um potencial efeito terapêutico contra Covid-19 em estudos pré-clínicos;
• Não há evidência significativa para atividade clínica ou eficácia clínica em pacientes com a Covid-19 e;
• Há uma falta preocupante de dados sobre segurança na maioria dos estudos
Mesmo sem estudos aprofundados sobre o tema, o medicamento passou a integrar o chamado “kit Covid“, o coquetel de medicamentos utilizado principalmente como “tratamento precoce” recomendado pelo Ministério da Saúde, mesmo com ineficácia comprovada.
O comunicado segue com recomendações de uso da ivermectina contra estrongiloidíase e contra a oncocercose, ambas infecções parasitárias. Mesmo com esses usos conhecidos e estabelecidos, ainda há possíveis reações adversas.
No caso da estrongiloidíase, a Merck relata reações adversas “possivelmente, provavelmente ou definitivamente” causadas pelo Stromectol (nome pelo qual a empresa comercializa a ivermectina) como astenia/fadiga, dores abdominais, anorexia, constipação, diarreia, náusea, vômitos, tontura, sonolência, vertigem, tremores, prurido, erupções e urticária. Já no combate a oncocercose foram observadas reações de hipersensibilidade, dor abdominal, aumento dos nódulos linfáticos, especialmente no cervical, nos axilares e no inguinal, além de uma série de efeitos oftálmicos.
Medicamento é sucesso de vendas
Mesmo sem evidência de eficácia contra o coronavírus, as vendas de ivermectina foram um sucesso em 2020 no ano passado. De acordo com dados da consultoria IQVA, a venda do produto no mercado farmacêutico explodiu de janeiro até novembro de 2020, crescendo 466% em relação ao mesmo período de 2019.
Os dados apontam que cerca de 42,3 milhões de caixas do antiparasitário foram comercializadas no ano passado. O pico das compras foi observado em julho, quando foram somadas mais de 12 milhões de aquisições da invermectina.
Via plano de saúde, o medicamento recomendado para piolhos dobrou. Segundo a healh tech ePharma, o sudeste foi a região com maior aumento do produto (120%), respondendo por 72% das compras nacionais de janeiro a novembro do ano passado. O Nordeste registrou alta de 104%.
Fonte: Olhar Digital