A gasolina automotiva foi oficialmente reclassificada como cancerígena pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês), órgão vinculado à Organização Mundial da Saúde (OMS). A atualização foi divulgada na última sexta-feira (21) em um estudo publicado na revista The Lancet Oncology e levou o Instituto Nacional de Câncer (Inca) a recomendar a redução gradativa da exposição ao combustível, especialmente para trabalhadores de postos de combustíveis e da indústria petroquímica.
A nova classificação eleva o risco antes considerado apenas “possível carcinogênico” para “cancerígeno”, com evidências científicas que confirmam a relação entre a exposição à gasolina e o desenvolvimento de diversos tipos de câncer.
🛑 Combustível pode provocar diferentes tipos de câncer
De acordo com a pesquisa da Iarc, a exposição à gasolina automotiva está diretamente relacionada ao desenvolvimento de:
✔ Leucemia mieloide aguda
✔ Leucemia linfocítica crônica
✔ Leucemia mielomonocítica crônica
Além disso, há indícios de que o combustível também pode estar associado a:
⚠️ Síndrome mielodisplásica
⚠️ Linfoma não Hodgkin
⚠️ Mieloma múltiplo
⚠️ Câncer de rim
⚠️ Câncer de estômago
⚠️ Leucemia linfocítica aguda infantil
👷 Quem corre mais risco?
A principal forma de exposição à gasolina ocorre pela inalação dos vapores do combustível. Segundo a pesquisa, trabalhadores de postos de combustíveis e da indústria petroquímica são os mais vulneráveis, pois lidam com altos níveis de gasolina diariamente, seja na produção, transporte ou abastecimento de veículos.
📌 “Frentistas estão entre os grupos mais expostos e, consequentemente, mais vulneráveis aos efeitos nocivos da gasolina”, aponta o estudo.
📢 Inca recomenda medidas para reduzir exposição
Com a nova classificação da gasolina como cancerígena, o Inca publicou uma nota técnica com diretrizes para minimizar a exposição ao combustível. Entre as recomendações estão:
✅ Redução gradativa da exposição ocupacional à gasolina
✅ Substituição do combustível por alternativas menos tóxicas
✅ Adoção de sistemas de recuperação de vapores nos postos de combustíveis
✅ Implementação de processos modernos de trabalho para minimizar riscos à saúde
📌 “A proteção dos trabalhadores deve ser prioridade para evitar impactos na saúde e prevenir cânceres relacionados à exposição à gasolina”, destaca o instituto.
🧬 Gasolina danifica DNA e provoca inflamações
O estudo da Iarc também identificou os mecanismos pelos quais a gasolina pode causar câncer. O combustível foi classificado como genotóxico, ou seja, ele pode danificar o DNA, além de induzir estresse oxidativo e provocar inflamação crônica no organismo.
Em testes com animais, a exposição à gasolina resultou em um aumento na incidência de tumores malignos e benignos em diferentes espécies.
Os principais componentes tóxicos da gasolina incluem:
🚨 Benzeno
🚨 Cumeno
🚨 Xileno
🚨 Tolueno
🚨 Etilbenzeno
🚨 Éter metil terc-butílico (MTBE)
🚨 Éter etil terciário-butílico (ETBE)
📌 O que caracteriza uma substância cancerígena?
De acordo com o Inca, uma substância é considerada cancerígena quando sua exposição pode aumentar a incidência de câncer ou reduzir o período de latência entre o contato com o agente e o aparecimento da doença.
“O câncer é uma doença multifatorial, causada pela interação entre fatores ambientais e genéticos. Entre 80% e 85% dos casos estão relacionados à exposição a agentes químicos, físicos ou biológicos presentes no meio ambiente”, destaca o instituto.
Por Heloísa Mendelshon