A esponja de cozinha, item essencial na limpeza de pratos e utensílios, pode ser também um dos ambientes mais propícios para a proliferação de bactérias. De acordo com estudos científicos, sua estrutura porosa e úmida, aliada à presença de restos de alimentos, cria um habitat ideal para uma grande variedade de micro-organismos.
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Em 2017, um estudo conduzido pelo microbiologista Markus Egert, da Universidade de Furtwangen, na Alemanha, revelou que as esponjas podem abrigar até 362 espécies diferentes de bactérias, com uma densidade impressionante de 54 bilhões de indivíduos por centímetro quadrado em algumas áreas.
“Esse número é comparável à quantidade de bactérias encontradas em amostras de fezes humanas”, explica Egert. “As esponjas oferecem múltiplos nichos onde diferentes tipos de micróbios podem prosperar, desde aqueles que crescem isoladamente até os que preferem comunidades densas.”

Risco real para a saúde?
Apesar da alta concentração de bactérias, especialistas afirmam que nem todas são prejudiciais à saúde humana. A maioria dos micro-organismos presentes nas esponjas são inofensivos e não causam doenças. Entretanto, o estudo de Egert identificou que metade das dez espécies mais prevalentes nas esponjas estavam relacionadas a bactérias oportunistas, que podem ser perigosas para pessoas com o sistema imunológico comprometido.
Jennifer Quinlan, professora de segurança alimentar na Prairie View A&M University, nos Estados Unidos, realizou um estudo em 2017 que analisou esponjas de 100 residências. A pesquisa indicou que apenas 1% a 2% dos itens analisados continham bactérias associadas a intoxicações alimentares, como Salmonella, Escherichia coli e Campylobacter. Além disso, as quantidades desses patógenos eram pequenas.
“Para a maioria das pessoas saudáveis, as bactérias presentes nas esponjas não representam um risco significativo”, afirma Egert. “No entanto, se a esponja for utilizada para limpar carne crua, há chances de que patógenos perigosos se estabeleçam e se multipliquem.”

Esponjas x escovas: qual a melhor opção?
Outro estudo, publicado em 2022 pela cientista Solveig Langsrud, do instituto norueguês de pesquisa de alimentos Nofima, comparou a presença de bactérias em esponjas e escovas de lavar louça. Os resultados indicaram que, embora ambos os utensílios contenham bactérias, as escovas abrigam uma quantidade significativamente menor de micro-organismos.
Quando os pesquisadores introduziram Salmonella em esponjas de cozinha, a bactéria prosperou. No entanto, ao adicioná-la às escovas, ela não sobreviveu por muito tempo. Isso pode ser explicado pelo fato de as escovas secarem mais rapidamente do que as esponjas, dificultando a sobrevivência dos patógenos.
“Eu não utilizaria esponjas na cozinha”, afirma Egert. “Escovas são uma alternativa muito melhor, pois contêm menos bactérias e secam mais facilmente, reduzindo o risco de proliferação de microrganismos prejudiciais.”

Qual a melhor forma de higienizar a esponja?
Muitos métodos de higienização são sugeridos para reduzir a carga bacteriana nas esponjas de cozinha. Entre as opções mais comuns estão o uso do micro-ondas, lavagem na máquina de lavar louça e imersão em desinfetantes.
Quinlan recomenda a troca semanal da esponja e sugere dois métodos eficazes para a higienização diária:
• Colocar a esponja no micro-ondas por um minuto, até que o vapor seja visível.
• Lavar na máquina de lavar louça com ciclo de secagem quente.
Estudos indicam que esses métodos podem reduzir a quantidade de bactérias, sendo mais eficazes do que apenas enxaguar com água e sabão. No entanto, há um efeito colateral: a higienização frequente pode acabar selecionando cepas mais resistentes, tornando a limpeza menos eficaz ao longo do tempo.
Outra recomendação é evitar deixar a esponja em locais úmidos, como dentro da pia. Espremer bem a água após o uso e armazená-la em local seco pode prolongar sua vida útil e reduzir o crescimento bacteriano.
Apesar dessas precauções, especialistas ressaltam que a substituição frequente é a melhor forma de garantir que a esponja não se torne um foco de contaminação.
Embora as esponjas de cozinha sejam um ambiente propício para o crescimento bacteriano, a maioria dos micro-organismos encontrados nelas não são prejudiciais à saúde humana. No entanto, quando entram em contato com alimentos crus contaminados, podem se tornar um vetor para patógenos perigosos, como Salmonella e E. coli.
Diante disso, a recomendação dos especialistas é trocar a esponja regularmente, higienizá-la adequadamente ou optar pelo uso de escovas, que acumulam menos bactérias e secam mais rapidamente.
Por Heloísa Mendelshon