Pesquisadores da Universidade da Califórnia descobriram que o vírus Zika sequestra uma proteína humana crucial, chamada ANKLE2, para facilitar sua replicação, causando danos significativos ao desenvolvimento cerebral de fetos em gestantes infectadas. O estudo, publicado no periódico científico mBio, ajuda a compreender por que o Zika é associado à microcefalia, uma condição na qual o cérebro do bebê se desenvolve com tamanho menor do que o esperado.
Curta, siga e se inscreva nas nossas redes sociais:
Facebook | X | Instagram | YouTube | Bluesky
Sugira uma reportagem. Mande uma mensagem para o nosso WhatsApp.
Entre no canal do Revista Cariri no Telegram e veja as principais notícias do dia.
A professora Priya Shah, líder da pesquisa e especialista em microbiologia, genética molecular e engenharia química, destacou que o Zika utiliza a ANKLE2 para seu próprio benefício, interrompendo processos fundamentais no desenvolvimento do cérebro fetal. “É uma situação em que o Zika está no lugar errado no momento errado”, afirmou Shah. Além disso, o estudo revelou que outros arbovírus relacionados, como os da dengue e da febre amarela, também empregam estratégias semelhantes para sequestrar a ANKLE2.
Impacto na saúde pública
A descoberta reforça os esforços para compreender o mecanismo da síndrome congênita do Zika, que engloba uma série de anomalias congênitas, como microcefalia, alterações visuais, auditivas e neuropsicomotoras. Segundo o Ministério da Saúde, quanto mais cedo a infecção ocorre durante a gravidez, mais graves tendem a ser os danos ao feto.
Os pesquisadores acreditam que os resultados podem abrir caminho para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos mais eficazes contra arbovírus, um grupo de vírus transmitidos por mosquitos e outros artrópodes.
Formas de transmissão
A relação entre o Zika e a microcefalia foi identificada em 2015, após um aumento inesperado de casos no Brasil. Esse surto foi declarado uma emergência de saúde pública de importância nacional e internacional. Desde então, esforços têm sido feitos para mitigar os impactos do vírus, especialmente em gestantes.
O Zika é transmitido principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti, mas também pode ser transmitido por via sexual e, em casos raros, por transfusão de sangue. A triagem rigorosa de doadores e testes hematológicos têm minimizado esse risco.
Por Nágela Cosme